A vila de Minde é a sede de uma freguesia que faz parte do concelho de Alcanena e do distrito de Santarém. Compõe-se de três núcleos populacionais com uma identidade muito própria: a sede com cerca de 2600 habitantes e os lugares de Covão do Coelho e do Vale Alto, com 600 e 130, respectivamente (censo de 2001), sendo a maior das dez freguesias do município em área territorial.
Minde pertenceu inicialmente ao concelho de Porto de Mós. Por extinção deste em 1892 passou a integrar o concelho de Torres Novas, passando para o concelho de Alcanena quando este foi criado em 1914. O grande desenvolvimento da sua indústria têxtil nos anos que se seguiram à segunda guerra mundial proporcionou-lhe a elevação à categoria de vila em 1963. Está à distância de sete quilómetros da cabeça do concelho e a quinze da Fátima, que a limita do lado norte. Esta freguesia tem as particularidades de nela se situar o ponto mais alto de todo o centro-oeste do país ( 679 metros no topo da Serra d’Aire), de ser atravessada pelo paralelo que divide o país ao meio e de oferecer o mais imponente panorama da Auto Estrada do Norte, que a atravessa na zona em que o seu trajecto é mais acidentado.
O nome de Minde é um daqueles topónimos que não têm qualquer correspondência no vocabulário dos substantivos comuns. É um nome esquisito como esquisita é também a situação geográfica desta terra, aninhada no fundo duma vasta depressão tectónica da Serra d’Aire . Esta depressão, que os geólogos designam por polje, tem características únicas em todo o país pois que, não tendo escoamento à superfície, dá azo a que na sua parte mais baixa se forme nos invernos mais chuvosos um lago com mais de três quilómetros quadrados de superfície, que se prolonga pela vizinha freguesia de Mira de Aire.
O início da sua história como povoação documentalmente referenciada remonta a 1165 com o decreto do nosso primeiro rei a instituir aqui uma albergaria para apoio aos transeuntes na travessia da áspera serrania que hoje se denomina Maciço Calcário Estremenho. Minde tem portanto uma história longa, atestada com escritos de numerosos autores, mas nem sempre devidamente documentada.
Religiosidade
Do seu curriculum faz parte uma sentida vivência religiosa atestada pela sua igreja matriz, um templo reformado na primeira metade do século XVIII com um rico interior de azulejaria e talha, actualmente todo ele restaurado, e pelo grande número de homens consagrados à igreja até aos princípios do século passado, principalmente como membros do clero regular. De assinalar é também o pequeno hospício de frades arrábidos, fundado no tempo de D. José (1734) e encerrado cem anos depois quando da extinção das ordens religiosas. O zelo posto na conservação tanto da igreja como das duas capelas da vila, a solenidade das suas festas em honra de Santo António e S. Sebastião, do Espírito Santo e de Nª Srª. d’Assunção, a padroeira, e a razoável assistência a outros actos de culto são outras evidentes provas dessa religiosidade. Também os lugares do Covão do Coelho e do Vale Alto têm os seus centros de culto dedicados respectivamente a Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora da Guia com festas anuais que são símbolo da devoção local.
Actividades económicas
Como actividades económicas há a destacar a indústria têxtil que aqui criou raízes há séculos e que atingiu o apogeu nos anos sessenta do século passado e actualmente em acentuada recessão. Para escoamento dos produtos manufacturados, especialmente as mantas e os alforges, os mindericos tiveram que se lançar na sua comercialização nas feiras de perto e de longe chegando mesmo às terras do Algarve, arrostando com as maiores dificuldades tanto nos transportes como nos alojamentos. Foram estas suas deambulações que deram origem ao Minderico, o linguajar próprio com que se faziam entender sigilosamente entre si. Muitas outras indústrias, todas de pequena expressão, aqui tiveram assento por alturas da mudança do regime tendo entretanto desaparecido quase todas elas. Quanto à agricultura está actualmente posta de lado como meio de subsistência devido às fracas aptidões das terras para esse efeito sendo praticada apenas em alguns quintais mais como entretimento do que com fins lucrativos
Actividades culturais
O interesse da gente de Minde pelo que à cultura diga respeito já vem de longe. A prová-lo estão as suas várias instituições de índole cultural como a Sociedade Musical Mindense fundada em 1915; as numerosas encenações de teatro feitas desde os anos trinta e hoje continuadas pelo grupo Boca de Cena; a criação e manutenção do Museu da Aguarela; o Centro de Artes e Ofícios Roque Gameiro -CAORG, com as valências de escola de música, balet, pintura, tecelagem e a dinamização do Minderico, o linguajar local; o Grupo Coral, de muito bom nível; as numerosas edições de livros de interesse local promovidas pelas comissões das festas; as apresentações de livros de autores mindericos e o Jornal de Minde, fundado em 1955, que é um autêntico repositório da sua história mormente a das últimas gerações.
Eventos
São de salientar os modernos festivais de música jazz (Jazzminde) e de exibições cénicas e musicais dos programas do Materiais Diversos e ainda as grandes competições de bicicletas todo o terreno BTT associadas a participações em percursos pedestres. Todas estes eventos com periodicidade anual.
Equipamentos sociais
Centro de Bem Estar Social com Jardim de Infância e Lar de Idosos – Teatro – Ensino básico até ao 9º ano – Centro de Saúde –Zona Desportiva com estádio relvado, pavilhão desportivo, campo de ténis e piscina – Bombeiros – Mercado fechado – Restaurantes – Estabelecimentos de cafeteria (doze) – Supermercados (quatro)
No que respeita a desporto o Vitória Futebol Clube Mindense tem representado a terra nos escalões distritais desde 1954, ano da sua fundação, com alguns períodos áureos mas ultimamente numa fase pouco famosa.
Mindericos notáveis
Dr. Frei Félix Caetano de Almeida, 1714 – Prof. de filosofia em Coimbra e Lisboa
Manuel Rodrigues Maia, 1804 – linguista, autor de teatro e poeta
Dr. Manuel do Espírito Santo Minde, 1737 – Teólogo e orador sagrado
- Frei Silvestre de Maria Santíssima, 1745 – bispo de Cabo Verde
Dr. João Higino Teixeira Guedes, 1813 – Prof. do Liceu Nacional de Lisboa
Justino Guedes, 1852 – Importante industrial gráfico.
Alfredo Roque Gameiro, 1864 – Exímio aguarelista
Cónego Feliciano d’Assunção, 1877 – Prof. do Seminário e Liceu de Santarém
Cónego Amílcar Fontes, 1911 – Reitor do Santuário de Fátima
Cónego Carlos da Silva, compositor musical de grande mérito no campo da música religiosa, falecido já no corrente século
João Madeira Martins, recentemente falecido, que, sem qualquer preparação específica, aproveitou vinte anos da sua vida, depois da reforma da actividade profissional para investigar tudo o que encontrou na Torre do Tombo e noutras fontes sobre a história de Minde, tendo recolhido, interpretado e publicado centenas de documentos históricos que constituem um acervo de que poucas terras do país se poderão orgulhar.
Estes são apenas alguns dos muitos homens ilustres naturais de Minde.
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