Wicca é uma religião ou uma filosofia neopagã de origem europeia que está, predominantemente, associada à magia branca e aos rituais de comunhão com os elementos da natureza. Embora com raízes no xamanismo e inspirada por rituais pré-cristãos, a Wicca está, hoje em dia, associada a todo um conjunto de práticas comummente designadas de “bruxaria”.
As origens da religião Wicca moderna remontam aos anos 50 do século XX, mais especificamente quando Gerald Brosseau Gardner (1884-1964) fundou, em Inglaterra, um movimento baseado no culto da natureza, na prática de magia e na adoração de uma divindade feminina, a “Deusa”, fonte de fertilidade, e de uma masculina, o “Deus com Chifres”, duas energias opostas que, juntas, proporcionam equilíbrio.
Gardner, estudioso ávido de Aleister Crowley (1875-1947) e substancialmente inspirado pela filosofia da Ordem Rosacruz, passou muitos anos na Ásia, onde contactou com grupos que praticavam magia e experienciou um leque variado de crenças ocultas. Quando voltou para Inglaterra, por altura da eclosão da II Guerra Mundial, publicou os livros Witchcraft today (1954) e The Meaning of Whitchcraft (1959), os quais provocaram um interesse considerável num largo número de pessoas. Assim, passado algum tempo, criou o seu próprio clã e inspirou um movimento que se propagou um pouco por todo o mundo, nomeadamente nos Estados Unidos da América.
A ideia dos clãs, no entanto, que, segundo Gardner, deviam ser idealmente compostos por 10 a 15 membros distribuídos hierarquicamente, dissipou-se um pouco, pois hoje em dia muitas pessoas optam ou pelo anonimato, ou por uma busca espiritual solitária, praticando o culto a título individual.
Quer em grupo, quer individualmente, os praticantes da Wicca partilham o mesmo tipo de crença, ou seja, adoram o Deus e a Deusa, respeitam a natureza, possuem o “Livro das Sombras”, no qual anotam os seus rituais, celebram as fases da lua e guiam-se pelo princípio ético de que “podem fazer o que quiserem, desde que não prejudiquem ninguém”, sobretudo quando fazem magia. A meditação, a entoação de cantos ou a dança também fazem parte da prática da Wicca e algumas pessoas, nomeadamente as que ainda estabelecem uma ligação com o xamanismo, optam pela ingestão de cogumelos alucinogénicos para, assim, atingir um estado de consciência mais profundo
As celebrações da Wicca, mais conhecidas por sabats, perfazem 8 por ano, a saber: o solstício de inverno, ou Yule, no dia 20 ou 21 de dezembro, o solstício de verão, a 21 ou 22 de junho, o equinócio da primavera, ou Ostara, por volta do dia 21 de março e o equinócio de outono, ou Mabon, por volta do dia 21 de setembro. As outras 4 celebrações incluem o Imbolc, no dia 2 de fevereiro, Beltane, no dia 30 de abril, Lughnasadh, no primeiro dia de agosto, e o Samhain, a 31 de outubro. Por norma, estas celebrações iniciam-se ao pôr do sol e terminam no dia seguinte, quando o sol nasce. A noite permite, assim, que as chamas das velas ou das fogueiras tenham um maior impacto nas suas práticas, as quais são sempre abençoadas pelos 4 elementos.
References:
Cunningham, Scott. Wicca, A Guide For The Solitary Practitioner. Minneapolis: Llewellyn Publications, 1998
https://www.britannica.com/topic/Wicca