Quem é Xiva
Xiva (ou Shiva), também conhecido como Mahadeva, o deus supremo, é a terceira divindade da trindade dos grandes deuses hindus (a Trimúrti, que além de Xiva inclui também Vixnu e Brama). Xiva é uma divindade muito antiga, com as primeiras representações a surgirem no período do Neolítico, por volta de 4.000 a.C. na forma de Pashupati, o “Senhor dos Animais”.
Na tradição do Hinduísmo, Xiva representa simultaneamente a destruição e a regeneração: destruidor que destrói mas com o objetivo de construir algo novo, daí que seja muitas vezes apelidado de ‘o Renovador’ ou ‘o Transformador’. Como destruidor é representado por um asceta nu e seguido por um bando de demónios; como regenerador é representado sob a forma de falo. A criação do ioga, prática que tem por objetivo produzir transformação física, mental e emocional, e portanto intimamente ligada à transformação, é atribuída a ele. A primeira pessoa a quem terá ensinado o ioga foi Parvati, sua esposa.
Símbolos e representações de Xiva
Na sua representação mais conhecida, Xiva surge como um rei (raja) que dança (nata), o Xiva Nataraja. A dança é feita no interior de um círculo de fogo, o símbolo da renovação e, através dela, Xiva conserva, renova e destrói o Universo, o qual é impulsionado e ritmado pelo som do tambor. Sob o seu pé direito está um anão que representa o demónio da ignorância interior que impede a pessoa de ver o seu verdadeiro eu.
Na sua representação mais antiga – o Xiva Pashupati, o ‘Senhor dos Animais’ – Xiva é representado com três faces que olham o passar do tempo: o passado, o presente e o futuro. A coroa em forma de cornos de touro representa a proximidade de Xiva com o animal que representa a força e a virilidade. Os quatro animais ao seu redor são o tigre, o elefante, o rinoceronte e o touro, que representam características como a força, o orgulho, o ódio ou a sexualidade, significando que Xiva é o Senhor dos Animais, e que domina todas estas emoções.
São vários os símbolos associados a Xiva e que geralmente surgem nas suas representações, são o trishula, a serpente, o lingam, o damaru, o fogo, o nandi e a lua crescente. O trishula é um tridente, uma arma com a qual Xiva destrói a ignorância; cada um dos dentes representa uma qualidade: tamas (a inércia), rajas (o movimento) e sattva (o equilíbrio). A serpente é uma naja e usá-la em torno da cintura e do pescoço significa que Xiva domina a morte, tornando-o imortal. O lingam é um jorro de água que representa o rio Ganges, um rio extremamente violento mas que, ao bater na cabeça de Xiva é amortecido podendo então correr tranquilo sobre a Terra. O lingam é o símbolo fálico de Xiva, representando a força vital e energia masculina presente na origem do Universo. O damaru é um tambor em forma de ampulheta que representa o som da criação do Universo, marcando simultaneamente o ritmo do universo e o compasso de sua dança. O fogo é o elemento da transformação, ajudando a pessoa a transcender os seus próprios limites. Nandi é o touro que acompanha Xiva, sendo o seu mais fiel servo – está associado à força, e virilidade e montá-lo significa dominar a violência e a força. A lua representa a ciclicidade da natureza e a renovação contínua a que todas as pessoas estão sujeitas, representando simultaneamente as emoções e os humores – ter uma lua sobre a cabeça, significa que se domina as emoções.