Lobisomem é uma das muitas personagens lendárias pertencentes a diversos folclores e culturas ao redor do mundo. De acordo com as lendas e narrativas a seu respeito, é um homem que se transforma em lobo ou em alguma criatura híbrida entre o humano e o animal. Essa transformação ocorreria sempre em noites de lua cheia, findando-se ao amanhecer.
Lobisomem e suas origens
A origem das lendas a respeito do Lobisomem tem origem na Grécia Antiga, mais especificamente na mitologia grega. De acordo com Ovídio, em As metamorfoses, o primeiro Lobisomem teria sido Licaão, rei do reino de Arcádia.
Licaão era famoso por sua religiosidade. Ao fundar a cidade de Licosura, ele ergueu um altar a Zeus. No entanto ele realizava sacrifícios humanos. Suas vítimas normalmente eram estrangeiros que ele recebia em sua casa. Licaão os enganava com uma falsa hospitalidade e depois os matava em honra do Pai dos Deuses.
Zeus, entretanto, desaprovava sacrifícios humanos e foi ele próprio verificar as atitudes do rei da Arcádia. Disfarçou-se de um viajante, um peregrino, e hospedou-se na morada de Licaão. O rei estava pronto para sacrificar o recém-chegado quando foi avisado das suspeitas de seus súditos de que aquele homem era um deus.
Para confirmar as suspeitas, Licaão mandou assarem a carne de um escravo morto para servir a Zeus. O Senhor do Olimpo, enfurecido, transformou o homem em um lobo e amaldiçoou seu reinado, além de queimar o palácio. Em outra ocasião fez o mesmo com os filhos de Licaão, tendo transformado todos em lobos, por crimes ainda piores que os do pai.
Outros nomes
Um sinônimo para Lobisomem é Licantropo, que justamente tem origem no nome de Licaão. Outras culturas adotaram a lenda e a adaptaram a sua realidade. Os romanos possuíam, por exemplo, o Versipélio. Os antigos saxões chamavam-no de Werewolf. Os franceses o chamam de Loup-garoy e os alemães de Werwolf. Na América Central e na América do Sul aparece o Lobisomem.
Tanto nas lendas mais antigas quanto nas modernas a transformação de um ser humano em lobo é entendida como um castigo divino. De acordo com as narrativas mais recentes, a única forma de matar um Lobisomem é atingi-lo com objetos de prata, mais comumente uma bala de prata.
Lobisomem no Brasil
No Brasil há diversas narrativas a respeito do Lobisomem, a depender da região. Há inúmeros motivos para que uma pessoa se torne a criatura. Há uma versão que aponta a maldição como descendência. Outras dizem que o sétimo filho de um mesmo sexo será Lobisomem. Há ainda uma que fala que um menino nascido após sete meninas se tornará a temida criatura.
As lendas brasileiras ainda apontam maneiras de reconhecer um Licantropo quando está na forma humana. Há que se analisar os comportamentos da pessoa, reparar se parece sempre desconfiado dos demais, se apresenta olheiras ou quaisquer machucados suspeitos no rosto ou outras partes do corpo.
Há narrativas em algumas regiões do Brasil que relatam que o Lobisomem se transforma nas sextas-feiras, à meia-noite, em uma encruzilhada. Após a transformação, a criatura vaga pelas redondezas à procura de carne e sangue, humano ou não. Ele deve voltar à mesma encruzilhada para voltar à forma humana.
Lobisomem em Portugal
Em Portugal há referências ao Lobisomem por nomes como Bocage e Alexandre Herculano. No folclore português, muitos elementos da lenda do Licantropo são semelhantes a elementos vistos na brasileira. Pontos como a encruzilhada à meia-noite estão presentes.
No imaginário português a respeito dessa criatura há ainda outras nomenclaturas ou mesmo outros seres referentes ao Lobisomem. Há a Peeira, uma versão feminina do Lobisomem, que seria companheira do Licantropo e que teria o dom de se comunicar e controlar lobos. Há ainda variantes como o Corredor, o Tardo e o Corrilário.
References:
https://www.britannica.com/art/werewolf
