O termo Luteranismo surgiu com Johann Maier von Eck em 1519, teólogo católico que classificou as práticas defendidas por Martin Lutero como heréticas. Era recorrente a prática herética ser definida pelos católicos, com o nome do seu principal pregador e defensor.
Embora Lutero não concorda-se com este termo, preferindo designar o movimento como Evangélico, representativa do evangelho e de boas novas, como a nova interpretação que deslumbrava para o cristianismo. Apesar desta preferência de Martin, o termo luteranismo começou a ser utilizado nesse mesmo século pelos seus seguidores.
Lutero inicialmente era um cristão católico, como a generalidade dos cristãos ocidentais. Ao tornar-se monge, após uma promessa feita em troca da salvação durante uma tempestade violenta, tinha tempo para reflectir e interpretar os ensinamentos na Bíblia. Esta introspecção gerou um conjunto de dúvidas e questões sobre a prática e ensinamentos católicos. Posteriormente Lutero tornou-se professor de teologia na Universidade de Wittenberg
A reflexão e contestação aos dogmas católicos resultaram na fixação de noventa e cinco interpretações e criticas ao papado e alto clero. Rapidamente Martin adquiriu o apoio da nobreza e boa parte de população local, que ansiavam por mais liberdade relativamente à autoridade clerical.
Perante a crescente popularidade de Lutero, tanto na nobreza, como povo e clero, o Papa excomungou-o em 1520. Lutero rompe definitivamente com a autoridade papal, após queimar a bula de excomunhão em praça pública, quebrando o ultimo laço que o ligava à Igreja Católica.
Uma das principais lutas de Lutero foi, que cada um deveria ler e interpretar a Bíblia á sua maneira, contrariamente ao defendido pela Igreja Católica. Na época a Bíblia era redigida em latim apenas, não permitindo a interpretação dos seus escritos fora do mundo eclesiástico, Lutero traduzir o texto sagrado para alemão, possibilitando a leitura por parte dos seus compatriotas alfabetizados. Em postura colocava em risco o poder sobre o qual a Igreja Católica assentava, o do conhecimento, e esteve na génese da gradual perda de influência católica nas sociedades da Época Moderna, que iria acentuar-se na nossa Era.
A Confissão de Ausburgo, redigida por Filipe Melanchton, e endereçada ao Imperador Carlos V, governante do Sacro Império Romano a 25 de Junho de 1530, pretendia sumarizar os ensinamentos de Lutero e demonstrava que esta interpretação do cristianismo não era herética. Esta confissão era dividida em duas partes, a primeira com os ensinamentos de Lutero, que confirmavam a consonância com a Bíblia, e uma segunda parte onde estavam expostos os abusos na era medieval por parte da Igreja, os quais o Luteranismo pretendia ser uma alternativa e correcção.
Os dogmas, interpretações e pilares do Luteranismo assentam em seis confissões/textos/documentos fundamentais:
- Catecismo Menor de 1529;
- Catecismo Maior de 1529;
- A Confissão de Ausburgo de 1530;
- A Apologia de 1531;
- Os Artigos de Esmalcalde de 1537;
- A Fórmula de Concórdia de 1577.
Em 1580, as diversas confissões foram reunidas no Livro da Concórdia. Com a expansão europeia, o Luteranismo difundiu-se um pouco por todo o mundo. O principal legado desta facção do cristianismo foi a contestação ao papado, que originou a Reforma Protestante e minou o poder Católico na Europa.
References:
FEBVRE, Lucien; O problema da descrença no século XVI.A religião de Rabelais, ED. Início, 1970