Apresentação do Livro das Lamentações
O Livro das Lamentações é um dos livros do Antigo Testamento da Bíblia Cristã e cujo tema é o luto pela destruição de Jerusalém e pela dureza do exílio na Babilónia. Acredita-se que terá sido escrito na Palestina depois da queda de Jerusalém em 586 a.C. Há quem atribua a sua autoria ao profeta Jeremias, mas tudo leva a crer que essa atribuição seja artificial. o período retratado no livro é o Exílio dos judeus na Babilónia entre os anos de 587 e 538 a.C.
O livro é escrito sob a forma de cantos poéticos fúnebres que descrevem, de uma forma muito dolorosa a destruição de Jerusalém pelos babilónios e as consequências e acontecimentos sub-sequentes a essa destruição: fome, matanças, saques, incêndios e o exílio forçado dos judeus. Os poemas retratam assim a angústia do povo judeus, humilhado e que faz um exame de consciência, gritando de arrependimento e suplicando perdão, um povo desesperado que perdeu tudo excepto a sua fé. E baseados nessa fé, acreditam que Deus não abandona o Seu povo e está sempre pronto a agir com misericórdia, levando a que o desespero ceda lugar à oração, à confiança e à esperança.
Estrutura do Livro:
o Livro das Lamentações é composto por cinco poemas-canções, em que cada um forma um dos capítulos do livro:
- Jerusalém abandonada e desonrada
- A ira de Deus contra Sião
- Sofrimentos do profeta e do seu povo
- Misérias da cidade sitiada
- A lamentação e a súplica do poeta
Curiosidade:
Cada poema tem vinte e dois versos excepto o terceiro que tem sessenta e seis. Tal acontece porque no original hebraico, cada verso do primeiro, segundo, quarto e quinto poemas começa com uma letra diferente do alfabeto, que possui vinte e duas letras. No terceiro poema, cada conjunto de três versos começa com uma letra diferente do alfabeto. Esta é uma estrutura poética que se designa por ‘acróstico‘, estando presente em diversas secções poéticas do Antigo Testamento.
Não se sabe exatamente a razão pela qual as lamentações foram escritas desta forma mas acredita-se que terá sido pelo facto de as tornar mais fácil de decorar ou porque ajudaria a organizar o sofrimento do povo. Outra possibilidade é pelo facto de que tal pudesse ser um sinal místico indicador de ordem e plenitude.