A palavra Ateísmo designa a ausência ou a rejeição da existência de entes divinos. Apresenta-se como opositora do teísmo que designa a crença em pelo menos uma divindade. O desenvolvimento do Ateísmo dá os primeiros passos por volta do século XVI e XVII, e instala-se na Europa em meados do século XIX.
Existiram cinco pilares para o desenvolvimento de uma cultura em que existia um conjunto grande de pessoas que se dizem ateus. Esses pilares são: A ciência que expôs doutrinas ensinadas como dogmas pela igreja, o conjunto de igrejas que afirmam ser cristãs e que expunham um Deus punitivo além de terem uma influência sobre a vida das pessoas muito significativa, a Reforma da Igreja que levou muita gente a libertar-se da autoridade papal, e a teoria da evolução. Estes cinco factores preparam o cenário para que a partir do século XIX cada vez mais pessoas afirmassem ser ateus.
Os primeiros ataques á presença de uma divindade surgem no século XIX. Filósofos tais como Friedrich Nietzsche sugeriram: “Assim como não mais necessitamos dum código moral, tampouco necessitamos de religião”, Ludwig Feuerbach declarou: “A religião é o sonho da mente humana”, e Karl Max, cujos escritos influenciaram milhões de pessoas disse: “Quero livrar ainda mais a mente dos grilhões da religião.”
Estes pensadores atacaram não necessariamente a existência de Deus, mas a influência opressora da religião sobre a vida das pessoas. Portanto, o ateísmo apresenta-se mais como um ataque ás religiões do que um ataque á divindade. Forma-se assim como uma religião com o seu modo de pensar. Acima foi explicado que um dos grandes fomentadores do ateísmo foi a própria Igreja visto que a opressão das igrejas sobre as pessoas levou primeirá a reformas, como as feitas por Martinho Lutero e João Calvino. Esta reforma levou muitas pessoas a desenvolverem o seu modo de pensar, produzindo não apenas protestantes como indivíduos que desiludidos com a religião fizeram da mente humana o seu objeto de adoração. Isto produziu uma mente liberal com todas as possibilidades estando ao dispor das pessoas.
Por volta do século XVIII, o pensamento racional existia como uma panacéia para os problemas do mundo. Emmanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII apresentou a politíca e a religião como razões para a falta de progresso humano. A maioria dos filósofos ilusionistas começaram a olhar com desprezo para a religião e as pessoas passaram a preferir uma vida melhor na Terra do que a promessa de uma recompensa celestial.
No século XIX o ateísmo estava bem difundido e auxiliado pelos seus próprios dogmas como a teoria da Evolução. Outras descobertas astronómicas como aquelas de Copérnico e Galileu estabeleciam-se como ataques á doutrina da Igreja. O conhecimento de leis naturais e da física permitiu que se deixasse de atribuir a um Deus fenómenos até então misteriosos, como as trovoadas e o aparecimento de fenómenos astronómicos. Em associação com isto, os filósofos, que se apresentavam como os pais do ateísmo prosseguiam a sua cruzada contra a religião. As suas ideias eram estonteantes e agradavam as massas. Algumas dessas teorias como ‘Deus nada mais é do que a projeção da imaginação do homem’, ‘religião é o ópio do povo’ e ‘Deus está morto’ soavam bem modernas e excitantes em comparação com os insípidos e incompreensíveis dogmas e tradições das igrejas. Isto fez Parecer que finalmente muitas pessoas haviam descoberto uma forma bem articulada de expressar dúvidas e suspeitas que pairavam nas suas mentes. Portanto foi pronta a aceitação dessas ideias, tal e qual uma nova nova verdade evangélica.
Desta vez, ao contrário do que ocorreu com a Contra Reforma que produziu a Inquisição as igrejas da altura em alguns casos cederam ás pressões e transigiram até mesmo em suas bases fundamentais, isso levou a que perdessem alguma da credibilidade levando ainda mais pessoas a desenvolverem um pensamento ateu. O fracasso das religiões em vir em sua própria defesa deixou a porta aberta para que as massas saíssem. Podemos assim sintetizar que o Ateísmo, surge no século XIX e deriva da indefinição que viveu a Igreja e da incapacidade dela em dar explicações racionais para a existência de problemas, e conciliar a Bíblia com as recentes descobertas arqueológicas.
