Biografia de Ário:
Ário foi um influente pensador filosófico do cristianismo primitivo, entrou em choque com a postura ortodoxo de então. De uma forma simplificada, o movimento ariano, não acreditava na Santíssima Trindade, como uma só pessoa, mas como três entidades distintas. Esta perspectiva gerou, um choque dogmático no cristianismo de então, a dita questão ariana.
Ário nasceu em 256 na cidade romana de Ptolemais, situada actualmente na Líbia, morreu oitenta anos depois em Constantinopla. A sua vida ficou marcada pela perseguição e conflito ideológico. Terá sido educado na sua juventude por Luciano de Antioquia, mártir cristão das perseguições pagãs romanas contra esta religião, e responsável segundo os opositores de Ário, pela génese do seu pensamento herético.
Era um homem de convicções fortes, segundo os registos da época, de moral pura e forte devoção religiosa. Os opositores do arianismo, colocavam inúmeros vezes em causa o seu carácter e moral cristã, tentando desta forma descredibilizar os seus ensinamentos.
Rapidamente, as ideias defendidas por Ário, difundiram-se por toda a parte Oriental do Império Romano e Norte de África. O principal opositor da sua perspectiva dogmática foi, Alexandre de Alexandria, com quem teve um confronto violento de palavras, resultando na sua perseguição. Ário encontrou protecção em Eusébio de Cesareia, também ele, um pensador do cristianismo, e estudioso da Bíblia.
De forma a solucionar o conflito dogmático, o Imperador Constantino I, convoca o Concilio de Niceia em 325. Nesta reunião de todos os bispos do Império, foi discutida até a exaustão, a questão ariana e da Santíssima Trindade. A Trindade passou a ser um dos pilares fundamentais do cristianismo, enquanto entidade unitária, em contraponto ao defendido por Ário. Esta reunião lançou as bases para o Catolicismo. Ário recusou-se a aceitar os resultados desta reunião, passando o seu pensamento a ser considerado herético, foi banido e expulso da fé cristã.
Em 328 por influência do bispo, Eusébio de Nicomédia, Ário deixou de estar banido, mas manteve-se a sua excomunhão. Nesse mesmo ano, sobe ao cargo de bispo de Alexandria, Atanásio, pupilo de Alexandre, e o mais fervoroso opositor ao arianismo. Atanásio atacava violentamente Ário, e os seus seguidores, de tal forma, que foi exiliado por várias vezes.
Em 335, Ário foi novamente readmitido no cristianismo, através de uma confissão de fé enviada ao Imperador. Morre subitamente no ano seguinte, muito provavelmente assassinado pelo bispo de Constantinopla, que iria administrar-lhe novamente a comunhão. Alexandre de Constantinopla era, um dos grandes opositores do arianismo, e esta decisão imperial, colocava-o numa posição delicada, relativamente aos seus apoiantes e consciência, seria quem teria mais a ganhar com a morte de Ário.
A questão ariana manteve-se no centro da controvérsia cristã nos séculos seguintes. Povos como os Visigodos eram arianos, se bem que convertidos ao catolicismo no século VII. A corrente ariana pode ter-se diluído na História, mas a dúvida quanto à Santíssima Trindade perdura nos nossos dias.
References:
LEBRUN, François;As grandes datas do cristianismo, Editorial Notícias, 1992