Denim ou ganga, como é conhecida em português, é um dos materiais mais intemporais que há na história da moda. O denim é um material de algodão, tecido sob a estrutura de sarja.
A história deste material teve inicio no século XVI, existem referências a dois materiais cujos nomes relacionamos actualmente ao mesmo tecido, o denim e o jeans.
Denim
O denim corresponde à sarja de Nimes e o jean seria o fustão de Génova, sendo ambos panos feitos de fios duplos mais robustos de lã, linho ou algodão que conferiam uma trama forte. O denim era um tecido em algodão à teia e à trama, com estrutura de sarja.
O denim era tingido com um corante azul, proveniente de extractos de plantas orientais, a indigófera e a isati tinctoris, daí o nome associado ao azul típico do denim, o azul índigo. Este corante natural fora patenteado na alfândega de Génova no ano de 1140. Posteriormente surgiu o corante sintético, mais rentável do ponto de vista económico e mais sustentável pois gasta menos recursos e também menos poluente no seu fabrico. O azul índigo surge nos fios da teia enquanto que, os da trama se mantêm brancos. Por esta razão, o tingimento é superficial, não passando para o interior do fio, deixando o núcleo em branco. Assim, a solidez da cor é muito baixa e onde o atrito existir, a cor é desgastada.
O devim era usado para fazer estofos, toldos e encerados e roupa de trabalho. E ainda que a sua origem fosse na Europa do Sul, o certo é que o avanço tecnológico e as metodologias de trabalho impostos pela Revolução Industrial, bem como o acesso aos recursos naturais, deram o monopólio do algodão aos ingleses e, mais tarde, aos americanos.
Com o avanço da tecnologia têxtil, o denim passou a ser fabricado com uma mistura de fibras de algodão e poliéster, o que deu maior durabilidade à trama (Catoira, Moda Jeans: Fantasia Estética sem Preconceitos, 2009).
No início do século XIX o denim chega aos Estados Unidos da América, pelas mãos de Levi Strauss, criador da Marca Levis e das calças jeans, para os trabalhadores das minas, que necessitavam de um tecidos robustos para fazer face ao trabalho árduo executados nas minas.
Só no século XX, as calças de ganga começaram a ser usadas no dia-a-dia. Tendo sido democratizadas pelos filmes de cowboys, pelos hippies e por nomes do cinema e da música, como Marilyn Monroe, Elvis Presley, James Dean e Marlon Brando.
Na década de 70 dá-se a grande revolução social dos jeans: quando aparecem pela primeira vez em colecções de design de autor, pelas mão de Calvin Klein, desfilam o primeiro par de jeans de design, indignando as mentes mais conservadoras do mundo fashion. Pois este produto era associado a uma classe social proletária e de poucas posses económicas e introduzindo assim, este produto no mercado do exclusivo e da alta-sociedade.
A evolução do denim foi surpreendente, pois ele passou de calças ásperas usadas pelos trabalhadores, para as calças jeans sofisticadas de marcas de luxo como Prada e Versace, e continua atualmente a ser um instrumento de indumentária que mostra as mudanças sócio-políticas importantes da história e da cultura ocidental.
Hoje o denim está incorporado no nosso dia-a-dia em múltiplas utilizações diferentes, desde a moda em roupa e acessórios, à decoração de interiores ou o design de produto.
A origem funcional e purista do denim como um tecido feito para durar muito tempo expirou com a ascensão da sociedade de consumo e por sua vez, do conceito de fast fashion.
Denim
Em uma época onde as peças jeans são vendidas pré-encolhidas e pré-lavadas, talvez o futuro do denim esteja na reformulação de suas raízes rebeldes. É chegada a hora de recuperar o denim como um uniforme individualista e, como tecido de vanguarda feito de forma socialmente responsável, e não simplesmente um artefacto comum.
References:
Catoira, L. Moda Jeans: Fantasia Estética sem Preconceitos. S.Paulo: Ideias&Letras. 2009
Miller, Daniel; Woodward, Sophie. Global Denim – BERG, New York – 2011
ROSHAN, Paul. Denim: Manufacture, Finishing and Applications – Woodhead Publishing, UK. 2015 Elsevier Ltd.
