Cruise, é o termo utilizado para designar uma colecção de moda específica, que surgiu na época em que mulheres do jet-setters Internacional escapavam do frio do Hemisfério Norte para descansar em cruzeiros e Resorts nas zonas costeiras do caloroso Mediterrâneo.
Como a estação vigente era o inverno e o verão ainda estava distante, diversas Maison da época, passaram a produzir linhas intermédias, específicas para serem usadas nessas situações, Gabrielle Chanel, foi umas das pioneiras das Colecções Cruise!
Hoje em dia, pesar que, as férias da socialite internacional, não representarem um evento importante no calendário anual da Moda, estas pré-colecções ou colecções Resort, high-summer ou fisrt-summer (vários dos nomes que a Colecções Cruise, foi adquirindo ao longo do tempo), tornou-se um acontecimento no calendário das grandes marcas de luxo, como Chanel, Dior, Louis Vuitton, Gucci, Marc Jacobs ou Ralph Lauren.
Estas pré-colecções apresentadas entre Maio e Julho, servem como um avanço do que cada marca está a preparar para os desfiles de Primavera-Verão, apresentados durante os meses de Setembro e Outubro nas principais Capitais da Semana da Moda de todo o Mundo.
Outra das características destas colecções é a forma como são apresentadas, normalmente em desfiles organizados como verdadeiros espectáculos, longe das tradicionais capitais da Moda, adoptando por sua vez, as mais populares cidades da actualidade, como por exemplo foi a apresentação da Colecção Cruise 2015 da Chanel no Dubai ou a apresentação da Colecção Cruise 2017 de Louis Vuitton no Rio de Janeiro.
Outro dos grandes exemplos destes incríveis espectáculos, que deve ter referencia de honor, foi o desfile histórico da Colecção Cruise 2017 da Chanel em Havana, Cuba. País que não via e vivia, nenhum tipo de produção de moda internacional desde que o regime socialista se instalou em 1959. O desfile que decorreu ao ar livre, em plena rua, com as coloridas casas e carros antigos de Havana, como cenário e inspiração para a colecção.
Colecção Cruise 2017 da Chanel em Havana, Cuba
Alguns designers aproveitam estas pré-colecções para reinterpretarem a sua visão criativa de uma forma mais “usável” e adaptada ao dia-a-dia, adaptando ideias mais conceptuais em peças mais comerciais. Enquanto outros, optam por reinventar os seus mais recentes best-sellers, utilizando diferentes tecidos, diferentes cores e aplicações.
Também serve como um importante indicador do que faz sucesso entre os buyers e os consumidores, além de ser, uma importante oportunidade para aumentar as vendas, já que, embora as colecções Primavera-Verão e Outono-Inverno continuem a ser consideradas como as mais importantes para o mercado da moda, está comprovado que o aumento das vendas é devido às Colecções Cruise.
Normalmente, as colecções Cruise permanecem durante mais tempo nas prateleiras, porque são roupas que normalmente se adaptam melhor à mudança de climática e às meias estações, aumentando por isso, o seu período de utilização e comercialização.
Do ponto de vista prático, o facto de serem roupas mais ‘versáteis e vestíveis’ por serem pensadas para um período de transição entre duas estações, representa o grande atractivo das colecções Cruise.
Tendo em consideração as mudanças climáticas dos últimos anos, se consegue justificar o porque, destas colecções estarem a conquistar os compradores com as suas peças com uma maior longevidade.
Segundo muitos críticos, a moda hoje em dia, já não é ditada pelas estações, ou pelo menos não deveria. De facto, a tendência actual vai de encontro à atitude de vestir, sem se preocupar com a estação, mas sim, com o clima de cada dia.
A um nível criativo e produtivo, a única crítica que se pode fazer a estas colecções intermediárias é o aumento significativo das horas de trabalho que gera stress e fadiga criativa. Exemplo disso, está o designer inglês John Galliano, que ao romper com a Maison Dior após uma crise nervosa, alegou que um dos factores principais para o seu esgotamento foi o excesso de trabalho imposto pelo novo ciclo da moda.
