Tito, Josep Broz – Líder da Jugoslávia

Josip Broz “Tito” ou Marechal Tito é, até hoje, uma das principais faces do Comunismo do Século XX. O seu nome é associado sobretudo ao seu papel de Marechal da Jugoslávia, após a 2ª Guerra Mundial, aos fundadores do Movimento dos Países Não-Alinhados, que congregou os países anticoloniais e neutros, que fizeram face tanto ao bloco capitalista como soviético e à sua luta contra as forças Nazis e do Eixo durante a 2ª Guerra Mundial.

O seu legado, a nível nacional e internacional, é igualmente contestado. Tito governou a Jugoslávia até à sua morte em 1980 e é reconhecido, por muitos, como o homem que fez frente tanto a Hitler como, posteriormente, a Estaline, tendo unido os seis povos jugoslavos – Eslovénia, Croácia, Sérvia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedónia – sob o desígnio de “irmandade e unidade”. Para outros, Tito foi um político autoritário que reprimiu os desejos de independência e soberania dessas repúblicas.

Infância e captura durante a 1ª Guerra Mundial

Tito, nascido Josip Broz, nasceu a 7 de Maio de 1982 em Kumrovec, atualmente na Croácia. Devido às dificuldades financeiras da sua família, abandonou a escolaridade aos 12 anos. Depois de cumprir um estágio de 3 anos como mecânico em Sisak, atual Eslovénia, Tito parte para Agram (atual Zagreb). Em 1913 é chamado para o exército austro-húngaro. Com o despoletar da 1ª Guerra em 1914, Josip é chamado para a frente de batalha nas montanhas Carpátos, onde luta contra o exército sérvio e russo. Em 1915, seria capturado por este após uma missão de observação noturna nas linhas inimigas.

O despertar de um militante comunista

Tito manteve o estatuto de prisoneiro até à Revolução Bolchevique de 1917. Nesta altura, é libertado e chega a Petrogrado (atual São Petersburgo). Tito participa em várias manifestações bolcheviques, sendo preso pelo governo do primeiro-ministro Kerensky. Quando o governo de Lenine toma o poder, Tito é recrutado como Guarda Vermelho.

Em 1920, através dum programa de repatriamento de prisioneiros de guerra alemães e austro-húngaros, volta à terra natal. Josip continua a sua atividade política e – embora alvo de vigilância policial e prisão – organiza várias células sindicais, debates e uma biblioteca operária até se tornar uma das principais figuras do partido Comunista em 1928. Condenado à prisão até 1934, cumpre uma pena de 5 anos.

Em 1934, no mesmo ano em que é libertado, o Rei Alexandre da Jugoslávia é assinado por um membro movimento nacionalista croata Ustaše. Devido às medidas de segurança aplicadas, Tito deixa a Jugoslávia, e trabalha como membro do Partido Comunista Jugoslavo e do Comitern. Quando a Guerra Civil Espanhola rebenta, Tito volta para a Jugoslávia é encarregado de recrutar voluntários internacionais na luta contra o exército franquista.

Secretário-geral do Partido e resistência ao nazismo

Embora sob suspeita do Comitern, como a maioria dos militantes jugoslavos, Tito mantem a sua posição no Partido e conquista o cargo de Secretário-Geral em 1939. Durante a II Guerra Mundial, nasce a lenda de Tito, devido à sua capacidade não só de afastar as tropas nazis e colaboracionistas da Croácias, Hungria e Itália, mas também superar os conflitos internos da movimento de libertação, divido entre a fação partisan, comunista, e chetknik, leal ao rei D. Pedro II.

A Jugoslávia estava cercada por todos os lados, e foi a partir da Sérvia que a resistência foi organizada. Primeiro com protestos populares em Belgrado contra a assinatura da rendição pelo Rei e depois com a luta armada. Tito foi consecutivamente conquistando território, mas também o favor das potências aliadas, que o reconheceram em 1944, como Primeiro-Ministro da Jugoslávia.

Herói Jugoslavo e morte

Os anos mais importantes da vida de Tito ocorreram na década de 40. Capaz de organizar uma resistência efectiva contra o Nazismo, lidera posteriormente a reconstrução de um país devastado pela guerra, conflitos ideológicos internos e oposição política de Estaline.

Nessa década, consegue desenvolver um modelo próprio do Socialismo, conhecido posteriormente como “auto-gestão” e construir um modelo de convivência e partilha de esforços entre as nações jugoslavas, conhecido como “irmandade e unidade”. Lança igualmente as bases do Movimento dos Países Não-Alinhados e une o país, tornando-o exemplo de resistência, neutralidade e independência face ao mundo comunista e ocidental.

Após a sua morte, o sonho da Jugoslávia, a terra dos Eslavos do Sul, unida perante a sua figura e carisma, começa a cair face às divisões nacionalistas, os conflitos não-resolvidos da 2ª Guerra Mundial, as grandes diferenças económicas e pressões internacionais. O período que se segui à sua morte em 1980 levou às infames guerras dos Balcãs dos anos 90, marcando o legado de Tito, como figura unificadora.

 

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