Biografia de Manuel II
Manuel II de Portugal era filho de Carlos I com Amélia de Orleães, nasceu a 15 de Novembro de 1889 em Lisboa. Reinou de 1 de Fevereiro de 1908 até a deposição do regime monárquico a 5 de Outubro de 1910. Após a Implantação da República viveu em exílio em Inglaterra, onde acabaria por morrer a 2 de Julho de 1932. Ficou conhecido como ‘O Patriota’ e ‘O Desventurado’.
A ascensão ao trono português ficou invariavelmente associada com a morte trágica do pai e do irmão e Príncipe herdeiro Luís Filipe. A crescente insatisfação, relativamente à postura autoritária do governo de Carlos I, levou a um golpe palaciano no final do mês de Janeiro de 1908. O soberano encontrava-se no Palácio de Vila Viçosa, ao tomar conhecido da instabilidade vivida na capital portuguesa, regressa de imediato. No dia 1 de Fevereiro, quando regressa do Alentejo é assassinado justamente com o filho e herdeiro no Rossio em Lisboa.
Manuel II não era herdeiro ao trono lusitano, mas após o regicídio e morte do irmão tornou-se o sucessor directo ao trono português. A sua infância foi mais tranquila que a do irmão, cuja menoridade consistiu numa preparação exaustiva para o acto de governação. Aprendeu música, história, literatura e várias línguas, em 1907 começou a prepara-se para ingressar na escola naval. Segundo a tradição régia portuguesa de então, o segundo filho do soberano seguia uma carreira na marinha portuguesa.
A situação da monarquia portuguesa vinha a degradar-se ao longo da segunda metade do século XIX, atingindo o ponto critico com as imposições das grandes potências europeias na Conferência de Berlim 1884. As pretensões lusitanas não foram atendidas ou respeitadas, levando à criação do Mapa Cor-de-rosa. Em resposta a Grã-Bretanha enviou o Ultimato Inglês, defendendo os seus interesses em detrimento dos portugueses, a capitulação de Carlos I ao poderio e intenções inglesas, potenciou ainda mais o movimento republicano em Portugal. A Revolta de 31 de Janeiro no Porto foi o primeiro momento de tentativa de proclamação da República.
Quando Manuel II ascendeu ao trono português, os partidos monárquicos estavam completamente fragmentados, dificultando a defesa dos seus interesses e do soberano. Por outro lado, o Partido Republicano ganhava cada vez mais apoio. O crescente apoio aos republicanos foi visível nas eleições de 28 de Agosto de 1910.
A acção revolucionária republicana iniciou-se a 4 de Outubro. No dia seguinte foi formalmente Proclamada a Implantação da República Portuguesa. Manuel II pretendia deslocar-se até à cidade do Porto, onde tentaria responder aos revolucionários. Foi impedido pelos oficiais do iate real ‘Amélia’, que levaram-no para Gibraltar. Ai o soberano deposto, tomou conhecimento que a cidade do Porto também havia-se associado à Revolta Republicana, partindo para o exílio em Inglaterra.
Mesmo no exílio, Manuel II continuou a envolver-se activamente na política portuguesa. Contribuiu decisivamente para o perdão de divida por parte de Inglaterra a Portugal, apelando directamente ao amigo e soberano inglês Jorge V. Em testamento deixou todas as suas poses ao Estado Português, com o objectivo de criação de um museu. Por estas atitudes e amor que sempre mostrou a Portugal, ficou conhecido como ‘O Patriota’.
Apesar das várias tentativas, como a Monarquia do Norte, em restituir o regime monárquico em Portugal, os republicanos uniam-se contrariando as suas divergências e impossibilitando os intentos monárquicos.
Manuel II morreria no exilo em 1932, segundo a sua vontade o seu corpo repousa em Portugal, no Panteão da Casa de Bragança em Lisboa na Igreja de São Vicente de Fora.
Foi ó último monarca português, não pelas suas atitudes mas pela incapacidade e descontentamento gerados pelos antecessores. Apesar da deposição, tentou tanto antes como depois da Implantação da República servir como plataforma de diálogo e resolução de conflitos. Até os próprios republicanos viam-no como um verdadeiro Patriota.
References:
REIS, António (dir.) ; Portugal Contemporâneo, Alfa, 1990
CATROGA, Fernando ; O Republicanismo em Portugal da Formação ao 5 de Outubro de 1910 , Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1991