Um dos nomes mais conhecidos da história de Portugal. Gomes Freire de Andrade e Castro nasceu em Viena em 27 de Janeiro de 1757 foi um general português. Foi também o protagonista da obra Felizmente há Luar de Luís de Stau Monteiro.
Filho de António Ambrósio Pereira Freire de Andrade e Castro, um fidalgo português, representante na corte austríaca. Tinha funções semelhantes ao embaixador. A sua esposa, mãe de Gomes Freire, era Maria Anna Elisabeth, Condessa Schaffgotsch e Baronesa von und zu Kynast und Greiffenstein, também ela membro da nobreza, mas sem dinheiro. Foi educado na Áustria e travou contacto com as correntes mais modernas do ilusionismo europeu. Ficou órfão de pai aos 13 anos de idade, e visto que não tinham herança de família ficou sem recursos. O sucessor do diplomata falecido pede ajuda em nome da família para a viúva e os seus dois filhos, Gomes Freire de Andrade e a sua irmã, mas nenhuma foi enviada para a família de Gomes Freire de Andrade. Apesar de Ambrósio Freire de Andrade ter sido um excelente colaborador de Marquês de Pombal ele não veio em socorro da família quando esta necessitava.
Aos 24 anos, Gomes de Freire, com a educação nobre que teve na nobreza austríaca vem finalmente para Portugal. Poucas vezes ele assinava com Pereira e Castro. A sua única qualidade ao retornar a Portugal era ser fidalgo, portanto teve um ano em Portugal sem emprego. Então, aos 25 anos de idade consegue assentar praça como cadete no regimento de Peniche. Isto, acontece cerca de 11 anos mais tarde do que o habitual. Só se torna tenente aos 27 anos, apesar de culturalmente ser mais rico do que todos os seus companheiros. Assim que se torna tenente ele pede licença, passa para a Marinha e parte para a guerra, de espanha contra Alger. Aos 30 anos saíu da marinha e pede para retornar ao regimento de Peniche.
Quando pediu para retornar ao exército foi anunciada uma guerra na Europa. A Áustria alia-se à Rússia para expulsar os turcos da Europa. Nesta altura pede licença e luta contra a Turquia. Nos anos 1788 e 1789 granjeia o respeito da imperatriz e da corte (Czarina Catarina II). Entre outras coisas, foi promovido a Coronel, recebeu uma espada de honra e foi convidado para assitir à ópera com a Czarina. O Príncipe de Potemkin enciumado com a atitude da Czarina, manda-o para a guerra da Crimeia. A guerra acaba, e ele não é condecorado. Aí ele volta a Portugal, que está para envolver-se na campanha do Russilhão. Visto que as tropas iam mal preparadas, descalços na neve, sem armas, sem treino, os comandantes sem preocupação e liderança. Gomes Freire de Andrade relata a Lisboa a forma desastrosa como as tropas estavam a trabalhar. Começa aqui o Sofrimento de Gomes Freire de Andrade. É preso e catalogado como indisciplinado, apesar do Governo de Lisboa apoiar o que ele tinha escrito. Mas isso, cria muitos inimigos no exército e em Portugal.
Entrementes, aparentemente em 1785 Gomes Freire de Andrade é iniciado na Maçonaria, provavelmente em Viena, na loja Zur gekrönten Hoffnung (À Esperança Coroada), a cujo quadro pertencia junto com Wolfgang Amadeus Mozart. Tinha então o Grau de Mestre. Ocupou posteriormente o cargo de Venerável na Loja Regeneração.
Tentou depois melhorar a qualidade das tropas portuguesas. Torná-las eficientes como os exércitos onde tinha lutado como o austríaco e o russo. Foi por fim feito general em 1807. Tinha então 50 anos. Sempre revelou competência, portanto foi merecido. Mas no fim de Novembro, entra em Portugal a primeira invasão francesa comandado pelo general Junot. Ele não foi recebido como inimigo, mas sim como aliado. Junot inutiliza toda a possível resistência portuguesa, e vai buscar os generais mais prestigiados e forma a Legião Portuguesa. Entre estes generais está Gomes Freire de Andrade. Eles são enviados para França em 1808. Em todas as grandes campanhas, está presente a Legião Portuguesa, cada vez mais reduzida. Dos 11000 pensa-se que sobreviveram apenas 100. Entre estes estava Gomes Freire de Andrade.
Combate em vários campos com o restante do exército de Napoleão Bonaparte. Em 1812 acompanhou Napoleão à Rússia. Um exército com 450 000. Voltaram apenas 18000, o resto, foi destruído na Terrível russa. Gomes Freire de Andrade foi um desses que retornou.
Com a derrota de Napoleão, Gomes de Freire retorna a Portugal. Ao retornar a Portugal, foi acusado de combater com Napoleão. Foi ilibado por ter lutado a mando do Governo de Portugal. Ao retornar a casa, está determinado a deixar a guerra e pendurar a espada.
Vive em Lisboa modestamente no Rato, é um homem pacato, mas todos falam do seu heroísmo. Sabe-se também que está ligado à maçonaria, portanto é convidado para ser o Grão Mestre da Maçonaria. Acredita que a vontade do povo deve se realizar através da democracia e que deve ser feita a Constituição. Visto que em Portugal, há grande sofrimento e muita confusão, Gomes Freire de Andrade é acusado de conspiração em 1817 contra a monarquia de D.João VI (que então está no Brasil). A regência que governava Portugal estava sob o governo militar do marechal William Car Beresford. É esta a situação relatada na obra de Luís de Stau Monteiro.
O general Gomes de Freire de Andrade é traído, detido, e condenado à morte. Visto que foi condenado à morte por enforcamento (o tipo de morte dado aos criminosos), Gomes Freire de Andrade pede para ter uma morte mais digna, então pediu para ser fuzilado, numa carta a um primo.
É enforcado junto ao Forte de São Julião da Barra, em Oeiras junto com 11 outros alegados conspiradores: o coronel Manuel Monteiro de Carvalho, os majores José Campelo de Miranda e José da Fonseca Neves e mais oito oficiais do Exército.
Às seis da manhã, do dia 18 de Outubro de 1817 levaram-no até a sua execução. Perto da hora da sua morte, às 9 horas ele pediu para falar aos soldados.
“Soldados que foram sempre a minha gente, defendam Portugal, sejam portugueses.”
Após a sua morte, mandaram queimar o seu cadáver, mas por algum motivo o mesmo resistiu ao fogo. Os restos mortais foram lançados ao mar, e depois ele veio a cair na praia. Os cães já estavam a devorar os restos mortais quando alguns soldados fizeram um buraco na areia e ali enterraram anonimamente o corpo do General Gomes Freire de Andrade.
A sua morte despoleta a revolução de 1820 e cria-se em 1822 a Consituição Portuguesa.