Bandeirantes, os desbravadores do Brasil

Quem foram os Bandeirantes?

Os bandeirantes foram homens que desempenharam o papel de ‘desbravadores do interior do Brasil’,  ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, na colônia portuguesa. A ação dos bandeirantes era de buscar incessantemente por riquezas naturais, principalmente, por metais preciosos, em bandeiras prospectoras. As  expedições conhecidas por bandeiras, eram exclusivamente paulistas. Outras expedições pelo interior do Brasil, financiadas oficialmente pela Coroa Portuguesa, foram chamadas de Entradas. 

A história dos bandeirantes esteve excluída da historiografia  portuguesa , porque a ação efetiva dos bandeirantes na história era de homens ‘fora da lei’, que  falavam  a língua geral que era o tupi,  e que de acordo com o Conselho Ultramarino Português, tratava-se de uma “gente que vivia do que roubava”, sendo assim, que não merecia qualquer respeito ou atenção.

Foi no povoado de São Paulo, no interior da Capitania de São Vicente, o lugar de onde surgiram as primeiras expedições militares, em busca de ouro no Brasil. As bandeiras avançaram em direção ao interior, com homens que chegavam a se deslocar 3.000 a 4.000 km, à pé. Tais jornadas eram alimentadas pela busca do sonho Eldorado ou a ‘Serra das Esmeraldas’, que estavam presentes em lendas constantes do imaginário colonizador, e que traria a  tal riqueza ambicionada.

Ao longo do século XVII, os bandeirantes paulistas, em virtude da União Ibérica (1580-1640) e do aumento da demanda por mão de obra escrava, organizaram bandeiras apresadoras, que possuíam a função  de  capturar e aprisionar  um grande número de indígenas para venda como escravos para a lavoura açucareira. O alvo eram as missões dos jesuítas espanhóis no sul da colônia. A ação das bandeiras apresadoras era violenta e muitas vezes os bandeirantes se utilizavam do próprio indígena para capturar outros nativos. Aproximadamente 400 mil indígenas foram vendidos na Baixada Santista (SP) e  nordeste brasileiro. A composição da bandeira era  ampla, diversificada  e mestiça. Uma bandeira continha em geral, um capitão-mor, 12 homens brancos paulistas, 300 ou 400 mamelucos e cerca de 2.000 indígenas.

A historiografia brasileira passou a incorporar a história destes sertanistas, a partir de 1920, do século passado – quando crescia a demanda pela  construção de uma nova  história do Brasil, escrita por brasileiros.  O nome ‘bandeirantes’ foi igualmente criado,   ainda no final do século XIX, pelos  próprios paulistas, para dar ‘grandiosidade’ a história de São Paulo.  Existe contradição entre a visão construída pelos bandeirantes e a realidade das suas ações. Esses homens não foram heróis, como retratam  os quadros oficiais de homens como Fernão Dias, Raposo Tavares, Anhanguera, Domingos Jorge Velho (…), mas sim, homens de pés descalços e maltrapilhos, que como caçadores de índios ou mesmo ‘ piratas do sertão’, foram  responsáveis pela escravização de mais de 400.000 indígenas.

A ação dos bandeirantes de adentrar o interior, desrespeitava completamente os limites definidos pelo Tratado de Tordesilhas de 1494 e contribuiu muito para a posterior incorporação dos atuais estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ao território brasileiro, para a Coroa Portuguesa.

Família guarani capturada por Bandeirantes, os desbravadores do Brasil

Família guarani capturada por Bandeirante (Tela de Jean Baptiste Debret 1830)

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References:

MOOG, Viana. Bandeirantes e Pioneiros– Paralelos entre duas culturas.SP: José Olympio. 22ª edição, 1999.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Caminhos e Fronteiras. SP: Companhia das Letras, 1994

BOULOUS JR, Alfredo. Bandeirantes e  Índios em São Paulo de Ipiratininga . Coleção. O sabor da história.  RJ: Editora FTD, 1999.

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