Tamerlão, também conhecido como Timur o coxo, nasceu na região que consideramos actualmente como Uzbequistão a 8 de Abril de 1336, viria a falecer já no início do século XV em 1405. Era filho de pai turco e mãe mongol, a cultura turco-islâmica teve prevalência na vida de Tamerlão. Durante a expansão mongol, este povo acabou gradualmente por miscigenar-se com as populações locais, em especial na Ásia Central, originando Reinos turco-mongóis como o de Timur.
Após a morte de Genghis Khan o Império Mongol fragmentou-se em quatro entidades políticas independentes. Foi numa destas unidades politicas designadas por Canatos que Tamerlão cresceu e aprendeu a arte da guerra, mais precisamente no Canato Chagata, que compreendia uma vasta área da Ásia Central.
Esta entidade politica embora fosse vista exteriormente como unitária, não passava de um manto de retalhos de várias tribos independentes entre si que constantemente batalhavam por novos sítios de fixação dentro deste espaço, grande parte destas tribos eram nómadas ou seminómadas. Aliado a esta instabilidade política juntava-se o facto da atribuição de cargos de liderança dentro das tribos, estivesse associada a questões pragmáticas como a coragem ou mestria em guerrear, não no direito de berço (hereditário), assim só o mais forte governava.
Foi neste contexto que Tamerlão fixou-se como líder de todo o Canato de Chagata no decurso da década de 60 do século XIV. A historiografia não consegue precisar como Timur chegou ao poder, várias fontes da época descrevem que uniu todo o Canto graças às suas capacidades militares que agregaram gradualmente as restantes tribos da região.
Após conquistar e unificar todo o Canato de Chagata começou a expandir os seus domínios territoriais, para a Pérsia, para o que actualmente é o Afeganistão, Paquistão e norte da Índia. Para ocidente expandiu-se para a Mesopotâmia na época controlada pelos Mamelucos, mas pela distância entre esta região e a Ásia Central onde o seu domínio estava consolidado, teve dificuldade em manter estas conquistas. A expansão para ocidente estendeu-se para a Arménia e Sul da Rússia. Mas ao aproximar-se e fixar-se na região do Cáucaso chocou contra outra grande potência da época, o Império Otomano. A rivalidade entre o Império de Timur e o Sultão otomano Bayezid I, ia muito mais além da simples questão territorial e política, estendia-se ao campo religioso, ambos viam-se como defensores e representantes máximos do Islão.
Esta rivalidade culminou com a invasão da Anatólia por parte de Timur em 1402, na Batalha de Ancara derrota e aprisiona o Sultão Bayezid. Após saquear a capital do império otomano, abandona os planos de total aniquilação dos otomanos e passa a focar-se na conquista da China, algo que não consegue realizar porque morre no decorrer da preparação da invasão desse espaço.
Tamerlão foi um conquistador violento que em consonância com a tradição mongol, não raras vezes exterminava a população de determinada região que ousava o enfrentar. A sua paixão pela poesia, pintura, música, história, filosofia, engenharia e arquitectura fazia com que poupasse as pessoas destes campos de saber nas suas conquistas e os incorporasse na sua corte.
O legada de Tamerlão é visível nos mais variados monumentos edificados no tempo da sua governação que ainda nos nossos dias pintam a paisagem da Ásia Central. É visto na fragilização que provocou no Império Otomano, atrasando em cerca de meio século a conquista de Constantinopla, e permitindo aos Reinos Cristãos da Europa central fortalecer posições que possibilitaram mais tarde resistir ao avanço otomano.
Após a sua morte as velhas rivalidades tribais emergiram e o seu vasto Império acabou por fragmentar-se. Graças à conquista do Norte da Índia foi possível aos mongóis fixarem uma dinastia governante na região.