Jesus de Nazaré, o fundador do Cristianismo foi perseguido e o resultado foi a sua execução, ordenada por Pôncio Pilatos mas conjurada pelo Sinédrio Judeu. O instrumento usado para executar Jesus foi um
madeiro (em grego stau-rós e em latim crux). Justo Lipsio (1547-1606) no livro de cruce libre tres, na página 19 retratou esse instrumento conforme era utilizado pelos romanos.
Após a morte de Jesus os seus seguidores têm um longo historial de sofrer perseguição e martírio. Esta perseguição primeiro foi causada por judeus. O registo da história e avanço do cristianismo explica que pouco tempo após a morte do seu Mestre os 12 apóstolos (recordar que após a traição de Judas Iscariotes, Matias foi escolhido para tomar o seu lugar), foram presos e levados a julgamento por parte do Sinédrio. (Atos Capítulo 5).
Pouco tempo depois, Estevão tornou-se o primeiro mártir cristão. Ele, em vista da sua atividade evangelizadora em Jerusalém foi preso, julgado pelo Sinédrio e condenado à morte por apedrejamento. Esta morte e contínua perseguição levou a que grande parte dos cristãos se espalhassem pelo império romano, mas continuaram a sua obra evangelizadora. Isso resultou na fúria dos judeus, e um eminente fariseu Saulo de Tarso, parece ter tomado a dianteira na perseguição deles. Diz o registo em Atos 9:1,2 que Saulo respirava assassínio e ameaça e que decidiu estender a sua perseguição para fora do território de Israel, conseguindo autorização para ir até a Síria para prender cristãos, independente do género. Contudo, durante esta viagem ele foi convertido ao cristianismo e tornou-se ele próprio um mártir. Passou a usar o nome de Paulo e esteve preso por várias vezes por causa de sua atividade missionária.
Outro apóstolo, Tiago, filho de Zebedeu, foi morto por Herodes Agripa I, uns nove anos após a morte de Estevão. Ele intecionava fazer de Pedro a sua vítima seguinte mas não foi bem sucedido nisso. Um dos maiores promotores desta perseguição contra Jesus e os seus seguidores foi José Caifás, influente sacerdote do primeiro século. O fanatismo religioso dos judeus promoveu esta primeira luta contra o avanço do cristianismo. O livro O Cristianismo e o Império Romano explica que os seguidores de Cristo foram perseguidos com implacável ódio.
A partir do ano 64 EC os romanos passaram a perseguir os cristãos. Isso deu-se especialmente por o Imperador Nero culpou os cristãos pelo incêndio que destruiu parte significativa da cidade. Segundo o historiador Tácito estas mortes eram “acompanhadas de escárnio; cobertos com peles de animais, os cristãos eram dilacerados pelos cães; eram pregados em cruzes; eram tornados inflamáveis, para que quando o dia escurecesse eles servissem de luzes, tochas humanas para iluminar os jardins imperiais.” Tácito, que não era simpatizante dos cristãos, acrescentou: “Culpados como eram, e merecedores de punição exemplar, suscitaram compaixão por serem destruídos, não para o bem público, mas pela crueldade de um só homem”.
João, o último apóstolo a ficar vivo, esteve exilado em Patmos de acordo com o livro de Apocalipse 1:9 por ter dado testemunho. Crê-se que Domiciano foi o responsável por tal encarceramento. A perseguição aos cristãos voltou a aumentar por volta de 112 EC. Nesta época, Trajano tinha nomeado Plínio como governador da Bítinia.
Plínio empenhou-se arduamente em restaurar a adoração pagã, ao passo que os cristãos pagaram com a vida por se negarem a oferecer vinho e incenso perante estátuas do imperador. Por fim, as autoridades romanas tiveram de admitir que os cristãos “eram gente de excelente moral, mas inexplicavelmente hostil à antiga tradição religiosa”, diz o Professor Henry Chadwick.
Kenneth Scott Latourette sumarizou os motivos pelos quais os cristãos eram perseguidos: “É um dos fatos mais bem estabelecidos da História que, nos seus primeiros três séculos, o cristianismo enfrentou constante e muitas vezes severa perseguição… As acusações variavam. Por se recusarem a participar em cerimónias pagãs, os cristãos eram tachados de ateus. Por sua abstenção de grande parte da vida comunitária, as festividades pagãs, as diversões públicas, que para os cristãos estavam impregnadas de crenças, práticas e imoralidades pagãs, eles eram ridicularizados como odiadores da raça humana.”
Um governador destacado na perseguição dos primeiros crisãos foi Diocleciano, em 303 EC, ele promulgou vários decretos contra os cristãos. Isso resultou naquilo que é conhecido como “A Grande Perseguição”.
O seu primeiro decreto mencionava que as cópias das Escrituras deviam ser queimadas e os locais de reunião dos cristãos demolidos. De acordo com Harry Gumble (docente de estudos religiosos na Universidade da Virgínia): : “Diocleciano presumiu que todas as comunidades cristãs, não importava onde estivessem, tinham uma coleção de livros e sabia que esses livros eram essenciais à sobrevivência dos cristãos.”
Segundo Eusébio de Cesareia, historiador palestiniano desse século: “Com nossos próprios olhos vimos os oratórios inteiramente arrasados, desde o telhado até os fundamentos, e as divinas e sagradas Escrituras entregues ao fogo nas praças públicas.”
Em todos estes casos, os cristãos preferiam a morte a renunciar as suas crenças.