Biografia de Maria Tudor.
Maria Tudor era filha de Henrique VIII com a sua primeira mulher Catarina de Aragão. Nasceu a 18 de Fevereiro de 1516 no Palácio de Placentia, Londres, Inglaterra, reinou de 19 de Julho de 1553 até a sua morte a 17 de Novembro de 1558. O seu corpo está sepultado na Abadia de Westminster em Londres.
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Maria Tudor
As crónicas da época descrevem Maria Tudor como uma criança extremamente desenvolvida intelectualmente, denotando uma inteligência um pouco acima da média. É relatado o orgulho que Henrique VIII tinha das capacidades da filha. A sua educação foi extremamente influenciada pelo humanismo espanhol e catolicismo da mãe Catarina – filha dos Reis Católicos. Maria terá aprendido a dançar, música, latim, espanhol, francês e muito provavelmente grego.
Muita da governação de Henrique VIII assentava no nascimento de um filho varão herdeiro ao trono, resultando em múltiplos casamentos do monarca e confronto directo com a Igreja Católica. Em determinada altura Henrique terá ponderado nomear Maria Tudor como Princesa de Gales e sucessora ao trono inglês.
Aos dois anos de idade Maria Tudor foi prometida em casamento ao filho e príncipe herdeiro de Francisco I de França, três anos depois isto acordo foi repudiado por divergências entre a França e Inglaterra. Aos seis anos foi prometida em casamento ao Imperador Carlos V do Sacro Império Romano, este acordo foi também cessado por consentimento de Henrique. Numa tentativa de reaproximação entre o reino inglês e francês, Maria é prometida a Francisco I ou ao seu segundo filho Henrique Duque de Orleães. Nenhuma destas uniões viria a realizar-se
A adolescência de Maria Tudor ficou marcada pelo afastamento da mãe como Rainha e do casamento do pai com Ana Bolena. Esta decisão do pai levou á cisão com a Igreja e á proclamação de Henrique como líder máximo da Igreja Anglicana. Maria nunca reconheceu a legitimidade de Ana Bolena como Rainha e manteve-se fiel aos seus princípios católicos.
Como retaliação Maria foi proibida pelo pai de ver a mãe e viu o título de princesa ser retirado. Com o nascimento de Isabel, resultado da união de Henrique com Ana Bolena, esta tornou-se a legitima princesa e herdeira ao trono. As fontes da época descrevem que todo este conflito entre pai e filha causou diversos problemas de saúde a Maria, provavelmente provocados por uma depressão, agonizados quando Catarina de Aragão adoeceu e Maria apesar de apelar ao pai continuou proibida de ver mãe nos seus últimos momentos. Quando Catarina morre em 1536, Maria adopta a reclusão como forma de luto.
Após a morte da mãe e luto Maria reconciliou-se com o pai, aceitando todas as exigências de Henrique no que tocava á anulação do casamento com Catarina e política religiosa, acabaria reintroduzida na corte com o título de princesa. No mesmo ano em que Catarina morre Ana Bolena é decapitada e a meia-irmã de Maria Tudor Isabel perde o título de princesa.
Henrique casou-se com Joana Seymour em 1536 duas semanas após a decapitação de Ana Bolena. Joana morreria no ano seguinte ao dar á luz o filho varão de Henrique – Eduardo VI. Com a intermediação da última esposa de Henrique, Catarina Parr, tanto Isabel como Maria são reintroduzidas na linha de sucessão.
Eduardo é coroado rei em 1547 após a morte do pai. Como ainda era menor de idade governava mediante regência. Era um forte defensor da reforma protestante inglesa e por várias vezes pressionou Maria Tudor a abandonar a sua fé católica. Isto resultou num afastamento propositado de Maria de Tudor da corte refugiando-se nas suas propriedades.
Em 1553 Eduardo adoece gravemente, provavelmente tuberculose, com Maria na linha de sucessão directa. Pela rejeição do protestantismo Eduardo não queria que Maria sucedesse-lhe ao trono, temendo a total reversão da política anglicana desenvolvida por ele e pelo pai. Segundo o direito sucessório ao rejeitar Maria teria também de rejeitar Isabel, o desejo de Eduardo para a sua sucessão.
Eduardo acabaria por nomear Joana Grey. Maria foi informada de uma tentativa de conspiração para a sua captura. Juntamente com os seus apoiantes católicos e a irmã Isabel, Maria marcha em direcção a Londres e foi proclamada Rainha de Inglaterra a 19 de Julho de 1553.
O seu reinado ficou marcado pela perseguição aos protestantes. Ficou conhecida para a História como ‘Maria Sangrenta’ por condenar centenas de protestantes à fogueira. A religião foi o cerne do seu curto reinado. Procurou rapidamente contrair matrimónio e gerar um legítimo herdeiro.
Maria Tudor tinha 37 anos e pretendia segundo o acto de sucessão travar a ascensão ao trono inglês da protestante Isabel após a sua morte. Filipe, filho do imperador Carlos V foi o escolhido para o enlace que deu-se a 25 de Julho de 1554. Este casamento foi extremamente impopular em Inglaterra. Os patriotas receavam a influência espanhola no reino e os protestantes a católica.
Este casamento iria causar dificuldades financeiras ao reino. Inglaterra ficou impedida de atacar as embarcações e territórios espanhóis, paralelamente a produção agrícola decaiu resultante de condições climatéricas adversas.
Maria Tudor não foi capaz de produzir um herdeiro, embora por duas vezes tenha proclamado a sua gravidez. Uma delas inclusivamente com sinais físicos de crescimento da barriga indiciando uma provável gravidez psicológica.
Sem produzir qualquer herdeiro Maria Tudor entrou em depressão e adoeceu em 1558, viu-se na obrigação de reconhecer a meia-irmã protestante com legitima sucessora ao trono inglês.
Foi a primeira mulher a conseguir reivindicar com sucesso o trono inglês e o último momento de resistência católica em Inglaterra. Com o reinado duradouro de Isabel i de Inglaterra o protestantismo fixou-se definitivamente.
References:
BOIS, Jean-Pierre; L’Europe à l’époque moderne XVIe-XVIIIe siècle, Armand Colin, 2003.
PÉREZ, Joseph; Filipe II e o seu Império, Editorial Verbo, 2007.
ZAGORIN, Perez; Revueltas y revoluciones en la Edad Moderna, Ediciones Cátedra, 1986.