Liga Santa 1511:
No início do século XVI a França adquiria um poder crescente na Europa e uma forte influência no norte de Itália. De forma a contrariar o poder franco na imagem do Rei Luís II, o Papa Júlio II, promoveu uma aliança entre diversos estados, para defender a Itália das intenções expansionistas francas.
Desta aliança faziam parte os grandes rivais da França, o Reino de Inglaterra e o Rei Católico de Espanha governado por Fernando, a República de Veneza, o Sacro Império Romano e os Estados Pontifícios. Pelas rivalidades entre alguns dos membros da Liga formada pelo papado, esta não teve muito sucesso, logo em 1512 a República de Veneza muda de lado, e passa a apoiar Luís XII. Inicialmente a Liga Santa conseguiu estancar o avanço franco, mas as divisões internas, e suborno francês ao Rei de Espanha e Inglaterra para a manutenção de neutralidade, acabariam por desfragmentar esta coligação, e permitir a vitória franca na Batalha de Marignano em 1516.
Embora no norte de Itália tenha mantido a influência franca, esta coligação não foi um fracasso total, conseguiu impedir a expansão francesa para o resto da Península Itálica, e o Papa conseguiu manter a soberania sobre os Estados Pontifícios, o que seria por ventura o principal intuito de Júlio II.
Liga Santa 1571:
Contrariamente à Liga Santa promovida em 1511, a de 1571 não tinha como génese conflitos internos no mundo cristão. Seria uma espécie de cruzada, que visava a defesa da Europa do avanço Otomano.
Esta aliança era composta por um conjunto de Estados Mediterrâneos, a Espanha, os Estados Pontifícios, o Reino de Nápoles, os Cavaleiros Hospitalários sediados em Malta, Veneza e mais algumas cidades de menor dimensão italianas. Esta coligação foi promovida durante o pontifício de Pio V a 25 de Maio de 1571.
Esta coligação, em contraponto á Liga Santa de 1511, manteve-se unida, muito provavelmente pelo fito desta aliança ser de interesse comum, contrariamente à de 1511 cujos interesses mutavam consoante as vantagens apresentadas aos diversos intervenientes.
Desta aliança resultou a formação de uma frota, financiada em 3/6 pela Espanha, 1/6 pelo Papado e 2/6 pela República de Veneza. A frota era composta por aproximadamente duzentos navios, e era comandada por João de Áustria, meio-irmão do Rei Filipe II de Espanha.
Na Batalha de Lepanto a 7 de Outubro de 1571, a Liga Santa defrontou e derrotou, uma força naval otomano um pouco superior, travando as intenções expansionistas do Império muçulmano para territórios cristãos.
Outros momentos em que é possível constatar a existência de Ligas Santas, mas com menor expressão, foi com o Papa Clemente em 1526 que visava contrariar o poder do Imperador Carlos V da Casa dos Habsburgo, e as alianças promovidas por esta casa no decorrer dos séculos XVII e XVIII, denominadas Ligas Santas dos Balcãs, para a defesa e recuperação de territórios nos Balcãs aos otomanos.