Imperialismo deriva da etimologia latina de imperium, que significa comandar largos territórios. Envolve a prática de estender o domínio territorial, económico ou político, além das fronteiras do próprio país, centro do império. Enquanto processo, envolve sempre poder e dominação de um país ou território contra outro(s). Este domínio pode-se traduzir em colonatos, soberania directa ou mecanismos indirectos de controlo, por exemplo financeiros ou económicos. A principal diferença para o colonialismo é que o imperialismo, ao contrário deste, não necessita de ocupação efectiva do território dependente. O colonialismo tem uma implicação mais económico, quanto o foco do imperialismo é o domínio político (retirando benefícios económicos, se possível). Embora, ao longo da história, sempre tenham existido impérios, o imperialismo dos países europeus que emergiu a partir do século XVI, marcou profundamente o mundo actual.
Teorias e tipologias do Imperialismo
Existem várias teorias políticas sobre imperialismo. Vladimir Lenine argumentava que o imperialismo era o estado superior do capitalismo, e que era o resultado inevitável da acumulação capitalista, na sua busca incessante de novos produtos e territórios. J. A. Hobson, Adam Smith e David Ricardo acreditavam que o imperialismo beneficiava apenas uma pequena parte da elite do centro do império, obrigando a maioria dos cidadãos a ficar com o custo da defesa e manutenção do império. Outros, como Adolf Hitler ou Benjamin Disraeli, viam a expansão imperial como fundamental para a sobrevivência do seu estado. De forma similar, muitos justificaram o imperialismo europeu como uma forma de libertação dos povos “oprimidos” ou como forma de civilizar povos “atrasados”. Por fim, o historiador francês Jean-Baptiste Duroselle propunha a tese que, como o imperialismo depende de poder e todo o poder se desgasta eventualmente, também todos os impérios acabarão por perecer. Actualmente existe um debate sobre o facto da hegemonia americana, por ser tão dominante, constitui uma forma de imperialismo ou não. Os proponentes desta visão denominam o imperialismo americano como “imperialismo do dólar”.
O debate sobre o novo imperialismo americano parte de uma discussão sobre os meios do imperialismo. Edward Said foi o primeiro a falar de um discurso imperial que imagina os outros povos dominados como dotados de uma essência inferior, criando um discurso de “nós”, superiores, contra “eles”, selvagens e bárbaros, o que facilitou a “legitimação” da conquista dos povos do Oriente. Johan Galtung acreditava que a melhor forma de império não precisa de armas ou de exércitos, mas sim domínio estrutural (económico, social, cultural, financeiro e político) sobre as colectividades dominadas. Joseph Nye, embora negue a existência de um império americano, menciona o seu “soft power”, a capacidade de atrair outros países para o modo de vida e a cultura americana, que implica um domínio cultural e se pode traduzir em controlo político, podendo falar-se de um imperialismo cultural.
História do Imperialismo europeu
Ainda assim, a história do imperialismo europeu mostra que todos os meios foram utilizados, em especial, a dominação e conquista militar. O encontro entre os povos europeus e os de outros continentes foi um encontro desigual, devido às diferentes capacidades militares. Os portugueses e espanhóis começaram por conquistar e dominar, mesmo sem colonização inicial, vários territórios africanos e das Américas e aí estabelecer entrepostos comerciais largamente favoráveis. Posteriormente, ingleses, britânicos e holandeses, no século XVII, juntaram-se a esta luta pelo domínio territorial e comercial do mundo. Os Ingleses, em particular, apoiaram-se no conceito de “terra nulius” ou terra de ninguém e vazia para justificar a conquista de vastos terrenos, mesmo que fossem previamente habitados ao longo de séculos, como a Nova Zelândia ou a Austrália. No século XIX, com a luta de recursos por África, Bélgica e Alemanha também procuraram anexar novos territórios.
A China, mesmo sem domínio formal, foi igualmente obrigada a submeter-se aos desígnios comerciais ocidentais, na Guerra do Ópio. A estes podem adicionar-se os impérios terrestres, como o russo ou otomano.Com a entrada do Japão no sistema internacional, as lutas imperiais acabariam por desembocar na 1ª Guerra Mundial que muitos classificam como a grande guerra imperialista. A 2ª Guerra Mundial, embora com contornos ideológicos diferentes, pode ser entendida de maneira similar como a disputa do controlo territorial extra e intra-europeus. Embora o imperialismo europeu tenham formalmente terminado com os movimentos de independência, é necessário questionar se o imperialismo como relação não continua a marcar a relação dos países europeus com as colectividades nacionais de outros continentes.