Héracles

Quem foi Héracles?

Héracles (também conhecido como Hércules na versão romana) foi um grande (senão o maior) herói da mitologia grega. Filho do deus Zeus e da mortal Alcmena, são-lhe atribuídos os atos heroicos dos “12 trabalhos”, nos quais derrotou, entre outros, o Leão de Nemeia, a Hydra e capturou o Cão Cérbero. É o único herói a ter subido ao Monte Olímpico (lar dos deuses) depois de findada a sua vida.

Origem de Héracles

A mãe de Héracles, Alcmena, era filha de Electrião, rei de Micenas, e neta do herói Perseus. A determinada altura, Alcmena teve de fugir da cidade com o seu tio (e futuro marido) Anfitrião. Os dois refugiaram-se em Tebas. Entretanto, pouco depois de se tornarem noivos, Anfitrião partiu para a guerra.

Apaixonado pela beleza de Alcmena, Zeus aproveitou a situação, metamorfoseou-se em Anfitrião e passou a noite com a sua amada, originando dois filhos (Hércules, filho de Zeus, e Íficles, filho de Anfitrião).

Ainda Alcmena estava grávida e Zeus começou, prontamente, a vangloriar-se de que um futuro rei, destinado à grandeza, estaria para nascer. Irritada com a traição, Hera, mulher de Zeus e deusa da maternidade, conseguiu atrasar o nascimento de Héracles, acelerando, por outro lado, a nascença de Euristeu, filho do então rei de Micenas, Estênelo. Por essa mesma razão, Euristeu tornou-se o sucessor ao trono e não Hércules.

O episódio das duas serpentes

Pouco depois de Héracles nascer, Hera enviou duas serpentes gigantes para o matar. Porém, graças à sua força e bravura, o filho de Zeus conseguiu derrotar essas ameaças, salvando, ao mesmo tempo, o irmão Íficles.

Consta-se que, ainda bebé, Héracles conseguira enganar Hera e bebera do leite do seus seios, algo que tornaria qualquer um imortal. Inicialmente, a deusa da maternidade não reconhecera o filho do seu marido. Porém, quando ela notara, terá afastado Héracles, caindo uma pinga do seu leite, a qual criara a Via Láctea.

Héracles e a origem dos 12 trabalhos

Durante a sua infância e adolescência, Héracles foi treinado por vários dos melhores tutores: em sapiência e virtude (por Radamanto, marido da sua mãe, após a morte de Anfitrião); letras e cítara (por Linus); cavalgar e corridas de bigas (por Anfitrião); arte de manobrar uma espada (por Castor); boxe (por Harpalycus, filho do deus Hermes) e arco-e-flecha (por Eurotas).

Ainda jovem, derrotou primeiro um leão que aterrorizava os habitantes que viviam perto do Monte Citerão. Posteriormente, libertou a cidade de Tebas das garras da rival, Orchomenus – a primeira tinha de pagar uma tributo à segunda. Num ato de gratidão e após observar este ato heróico, o rei de Tebas ofereceu a sua filha Megara para casar com Héracles.

Ainda ressentida e cada vez mais furiosa por causa das virtudes que o filho bastardo do seu marido vinha conquistando, a deusa Hera conseguiu iludir Héracles, pô-lo momentaneamente louco ao ponto de este matar os seus próprios filhos, sem ter noção do que fizera.

Procurando redenção, o filho de Zeus pediu ajuda ao deus Apolo que, por sua vez, lhe indicara o rei Euristeu. Este obrigara Hércules a cumprir 12 trabalhos, durante 12 anos, para poder redimir-se dos seus pecados.

Os 12 trabalhos

O primeiro trabalho de Héracles foi derrotar o Leão de Nemeia , que aterrorizava os habitantes da cidade. O monstro gigante, cuja criação é atribuída ou a Hera ou à deusa da lua Selene, vivia numa gruta com duas entradas. Após tentar matá-lo com a espada, com as suas flechas e,até, com a sua clava, conseguiu prender a boca do leão a uma rocha, derrotando-a com os próprios punhos, escalpelizando-lhe a cabeça, a qual Héracles usou como troféu durante o resto da vida.

De seguida, foi-lhe ordenado que pusesse um fim à Hydra (Hidra, em português) de Lerna. Rapidamente, Héracles cortou uma das nova cabeças da serpente gigante. Porém, sempre que uma era eliminada, duas nasciam no seu lugar. Por fim, o herói pediu ao seu fiel companheiro Iolaus para, sempre que uma das cabeças fosse cortada, este queimasse o dito pescoço. Após derrotar a Hydra, Héracles mergulhou as suas setas no ventre da serpente, tornando-as eternamente venenosas.

Como terceiro trabalho, Héracles capturou a velocíssima corça de Cerinia, animal devoto da deusa do amor, Afrodite.

Na sua quarta missão, teve de capturar o javali de Erimanto, animal selvagem que não se cansava de devastar plantas, árvores e mesmo matar ou ferir animais e pessoas da densa floresta de Arcádia.

Posteriormente, foi-lhe indicado que limpasse as estrebarias de Áugias, rei de Élida e um dos argonautas, famoso pelos seus estábulos, que continham o maior número de gado bovino da região e nunca tinham sido limpos.

Como sexto trabalho, teve de expulsar do lago Estinfalis as aves protegidas pelos deus Hares.

Na sétima missão, teve um das mais hercúleas (a própria palavra vem dos seus feitos) tarefas – derrotar o Touro de Creta – criado por Poseidon, oferecido ao rei Minos, que fugira e causara pânico na ilha, Héracles conseguiu derrotar, após uma árdua batalha, o touro e levara-o aos ombros até Micenas, para entregá-lo ao rei, Euristeu. Porém, o animal fugiu novamente, espalhando o terror pela Península do Peloponeso, até ser derrotado por Teseus, em Maratona.

A oitava, nona e décima missões foram capturar os cavalos carnívoros do rei Diómedes, matando o próprio rei para mais facilmente apanhar as bestas; roubar o cinturão mágico da rainha das Amazonas, Hipólita – uma distinta lutadora; e roubar os bois de Gerião, um gigante dotado de três corpos e cabeças, bem como seis braços. Consta-se que Gerião conseguia gritar tão alto como um exército enorme.

Como penúltimo trabalho, Héracles teve de tirar pomos de ouro do Jardim das Hespérides. Para tal, o herói teve de viajar através do Norte de África, da Arábia, da Ásia Central e da zona regional do Caucáso. Aí, ele matou a águia gigante que comia, todos os dias, o fígado de Prometeus. Agradecido, este aconselhou Héracles a pedir ajuda a Atlas, o titã que segurava o céu e o separava da Terra.

Atlas assentiu em ir buscar os pomos de ouro, se o filho de Zeus ocupasse o seu lugar. Contudo, aquando do seu regresso, o titã recusou-se a segurar no Céu novamente. No entanto, Héracles conseguiu enganar Atlas, que continuou com o destino que Zeus lhe havia traçado – Dividir a Terra e o Céu.

O último, e talvez o mais elaborado dos seus trabalhos, foi a captura do cão de três cabeças, guardião do submundo, Cérbero, algo que Eristeu considerava impossível até para Héracles.

O próprio também não se sentia seguro e pediu auxílio a vários deuses. Hermes e e Atenas ouviram-no e auxiliaram-no a descer ao submundo, onde ele teve de convencer o barqueiro (caronte, em brasileiro, como é popularmente mais conhecido) a atravessá-lo pelo rio dos vivos e o dos mortos. Lá, Hades confrontou-o, mas Héracles explicou quem era e o porquê de estar ali. Perante as justificações do seu sobrinho, o deus dos mortos permitiu que Cérbero fosse levado a Micenas, se o herói conseguisse carregá-lo – ida e volta – sem lhe fazer mal. Como Héracles conseguiu, o rei Eristeu ficou com medo e deu-lhe a pretendida liberdade e absolvição dos seus pecados.

Héracles após os 12 trabalhos

O herói, filho de Zeus, cometeu vários outros atos heroicos. Posteriormente, Héracles casou-se com Deianeira, filha de Eneu. Durante o seu último grande feito, Hércules derrotou o Centauro de Nessus com flechas venenosas mergulhadas no corpo da Hydra. Porém, antes da sua morte, o centauro pediu a Deianeira para usar o veneno da flecha para reconquistar o coração do seu marido, caso um dia fosse preciso, o qual foi usado quando ela soube que Hércules a havia traído com Iole, a filha do rei de Oechalia.

Antecipando o seu fim, o herói subiu a um monte, onde pediu para ser incendiado. O único dos seus companheiros que o seguiu foi Filoctetes que, em troca, recebeu o arco e as flechas que acompanharam o filho de Zeus durante quase toda a vida.

No momento em que se preparava para morrer, Héracles ascendeu ao Monte Olimpo, onde se tornou um deus e casou-se com a deusa da juventude Hebe.

 

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References:

Mavromataki, M. (1991). The Gods: The Twelve Gods of Olympus – Zeus. In Maria Mavromataki (M.M), Greek Mythology and Religion (pp. 28-33). Atenas: Haitalis.

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