As relações entre Católicos e Ortodoxos sempre foram tensas, mas atingiram o apogeu com o Grande Cisma do Oriente em 1054. A religião na época medieval assumia um papel fulcral na acção politica e desenvolvimento social. As divergências entre as duas facções não eram restritas ao aspecto religioso, estendiam-se à influência politica que cada uma queria impor. A génese da cisão entre as duas facções remonta á separação do Império Romano, à Católica sediada em Roma, correspondia a prática religiosa no Império Ocidental, e à Oriental a Ortodoxa com sede em Constantinopla.
Existe uma clara rivalidade política entre o Oriente controlado pelo Império Bizantino e o Ocidente com diversos reinos Católicos unidos na fé cristã representada pelo Bispo de Roma. Os Ortodoxos mantiveram os ritos e tradições religiosas originais cristãs, assim como a cultura e costumes clássicos do Império Romano, enquanto os Católicos começaram a miscigenar-se culturalmente com os povos bárbaros que ocuparam os antigos territórios romanos.
Em termos dogmáticos as diferenças entre Católicos e Ortodoxos abrangiam questões pragmáticas como se o pão utilizado na Eucaristia devia ou não ser fermentado, questões mais políticas como a, discordância Ortodoxa relativamente à representação divina do Papa, não concordavam com a ideia de “Deus no Céu, Papa na Terra”, viam como uma forma de extensão do domínio papal para o Oriente, um pouco à imagem do poder que era exercido pelo papado na Europa Ocidental, sobrepondo-se aos interesses de cada Reino. Os Católicos também não aceitavam a subordinação Ortodoxa ao poder politica, neste caso Bizantino, para o papado o poder divino era superior a qualquer Rei ou Imperador.
Em 1053, o patriarca da Igreja Ortodoxa Miguel Cerulário ordenou que todas as Igrejas Católicas na capital bizantina Constantinopla fossem encerradas, justificou esta atitude pela diferente perspectiva sobre o Espírito Santo. Para os Ortodoxos procedia do Pai, para os Católicos procedia do Pai e do Filho.
Em 1054 como retaliação, o Papa Leão IX exigiu que os Ortodoxos reconhecessem o Bispo de Roma como representante máximo de Deus na Terra e a Igreja Católica com a “Mãe de todas as Igrejas”. Este conflito provocou a separação e excomunhão mútua das duas religiões, dando origem ao Grande Cisma do Oriente. Para um cristão da época a excomunhão era o castigo mais severo que podiam receber, e a grande arma sobre a qual assentava o poder da religião. Com ambas as Igrejas reconheciam autoridade em si mesmas para aplicar esta punição, acabaram por separa-se definitivamente.
Esta cisão provocou um conjunto de conflitos entre as duas Igrejas, que ainda nos nossos dias ainda não estão sanados.
References:
FONSECA, Luís Adão da; La Cristiandad Medieval, EUNSA, 1984