No rescaldo da II Guerra Mundial, os dirigentes políticos da URSS, dos Estados Unidos e do Reino Unido1, respetivamente, José Estaline (1878-1953), Harry Truman (1884-1972) e Winston Churchill (1874-1965) – e, depois, o seu sucessor Clement Attlee (1883-1967) – reuniram-se em Potsdam, na Alemanha, do dia 17 de julho ao dia 2 de agosto de 1945, com o objetivo de discutirem e desenharem um novo mapa geopolítico da Europa e do mundo.
Neste sentido, debateram vários tópicos, a saber, o curso político e económico da Alemanha nazista, assim como todos os territórios ocupados pela mesma, a reconstituição pacífica do mundo, o estabelecimento dos princípios de entendimento democrático, a rendição incondicional do Japão e, no geral, todas as dificuldades provocadas pela guerra, que tinha terminado no dia 7 de maio do mesmo ano.
Durante as negociações, Churchill preconizou o endurecimento de posições por parte do lado Ocidental, ponto de vista que foi corroborado pelo então novo presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, homem menos condescendente do que Franklin Roosevelt (1882-1945) em relação a Estaline. Assim, pouco a pouco, britânicos, norte-americanos e soviéticos começavam a medir forças, cavando o fosso que os dividia.
A delegação norte-americana sugeriu, por isso, a criação de um Conselho de Organização e Controlo, composto pelos ministros dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, da União Soviética, dos Estados Unidos, da França e da República Popular da China, o qual ficaria encarregue de elaborar os tratados de paz com os Estados satélites da Alemanha: Itália, Roménia, Bulgária, Hungria e Finlândia.
Decidiu-se, então, o desarmamento completo e a “desnazificação” da Alemanha e da Áustria, através de zonas controladas pelos “quatro grandes”2, sendo que cada potência ocupante deveria proceder a reparações na respetiva zona. A Alemanha, enfraquecida territorialmente a leste, devido ao controlo por parte da União Soviética, mantém, por sua vez, a sua integridade do lado ocidental, controlado pelos Estados Unidos, pelo Reino Unido e pela União Soviética.3
Já a Polónia passara a integrar a Prússia Oriental e Ocidental e a Alta Silésia, que avançou duzentos quilómetros em direção à Fronteira para oeste.
De facto, a cimeira de Potsdam não produziu qualquer acordo em relação aos territórios do leste da Europa controlados pela União Soviética, nomeadamente quanto à obrigação de promover eleições livres.
Já no mês de julho, dado que prosseguiam os combates no Pacífico, Truman trocou algumas palavras com Estaline, em Potsdam. Falara-lhe na possibilidade de se utilizar uma nova arma. O líder soviético reagiu sem espanto, desejando apenas que viesse a ser feito bom uso da mesma contra os japoneses. Ora, no dia 26 de julho de 1945, o governo norte-americano dirigiu um ultimatum ao Imperador do Japão sob pena de destruição absoluta. Face a esta conjuntura, a União Soviética, aproveitando a proposta do aliado norte-americano, encontrou no pacto nipónico-soviético de 1941 o pretexto para também declarar guerra ao Japão.
Entretanto, com as bombas atómicas lançadas em Hiroshima e, posteriormente, em Nagasáqui, o Japão acabou por se render poucos dias após a Conferência de Potsdam.
Neste sentido, os negociadores desta Conferência tinham saído aparentemente satisfeitos. Porém, alcançada a vitória militar, a aliança que nascera dos compromissos de guerra desvaneceu-se.
As vicissitudes da II Guerra Mundial confirmaram a importância de duas grandes potências mundiais, a União Soviética e os Estados Unidos da América, terem, evidentemente, retirado vantagens desse facto.
1 Designados, na altura, «Os Três Grandes»
2 Estados Unidos, Reino Unido, União Soviética e República Popular da China
3 Esta divisão daria origem às duas Alemanhas, RFA (República Federal Alemã) e RDA (República Democrática Alemã)