Enquadramento do Cerco a Leninegrado:
O Cerco a Leninegrado actualmente São Petersburgo iniciou-se a 8 de Setembro de 1941, prologando-se até 27 de Janeiro de 1944. Esta Batalha enquadrou-se na ofensiva nazi para conquistar a União Soviética. Fizeram parte desta batalha a Alemanha Nazi coligada com a Finlândia e Itália, de um lado, e as forças da União Soviética (URSS) de outro.
No âmbito da estratégia nazi para subjugar a União Soviética no decurso da Segunda Guerra Mundial, conquistar a cidade de Leninegrado era um dos três objectivos estratégicos. Os outros seriam a tomada da Capital Moscovo e de Estalinegrado.
A conquista de Leninegrado assumia um carácter tanto simbólico como estratégico. Simbólico por ser o berço da revolução comunista, ideologia politica completamente antagónica ao nazismo. Estratégico pela sua relevância na produção industrial, cerca de 14% de todos os bens da URSS, e ser a base da frota soviética do Mar Báltico na época.
Mediante o risco de invasão nazi da União Soviética, apesar do acordo de não-agressão assinado entre Hitler e Estaline, foram construídas milhares de quilómetros de fortificações, trincheiras e armadilhas nos arredores e interior de Leninegrado. Estas defesas mostrariam ser fundamentais para a defesa da cidade.
A estratégia alemã passou inicialmente pelo bombardeamento aéreo da cidade, seguidamente conjugado com o Cerco a Leninegrado. De forma a sitiar a cidade as forças coligadas executaram um movimento em pinça, o exército germânico-italiano atacou pelo sul e o finlandês pelo norte. Após subjugarem várias cidades e defesas soviéticas nas proximidades, é iniciado a 8 de Setembro o Cerco a Leninegrado.
O cerco rapidamente degradou as condições de vida na cidade com o racionamento alimentar, bombardeamento nazi e pelos cortes energéticos. A energia era fundamental para a sobrevivência da população nos meses de inverno, mas estava racionada e atribuída á defesa da cidade, alimentando os edifícios públicos e estruturas militares.
À medida que o cerco arrastava-se por meses e meses, são relatados casos de canibalismo e de como os corpos amontoavam-se nas ruas. Os constantes bombardeamentos nazis impediam o enterro. A situação vivida no interior da cidade era verdadeiramente dramática. Os civis que sobreviveram fizeram-no graças aos animais que consumiram, aos diversos jardins que forneciam madeira para aquecimento no Inverno e aos breves momentos em que Leninegrado conseguia receber mantimentos.
Do lado germânico a situação não era melhor. O arrastar do cerco debilitou as forças nazis, que viam os seus mantimentos escassearem. O alto comando do exército questionava a teimosia de Hitler em conquistar a cidade, preferiam concentrar esforços e recursos na tomada de Moscovo.
Em Outubro de 1942 o exército vermelho (URSS) fez a primeira tentativa de romper o cerco vindos do sul, Não conseguiram romper o bloqueio, mas impediram uma operação em grande escala germânica para a conquista definitiva de Leninegrado.
No início de 1943 é feita nova tentativa para quebrar o cerco. Foram novamente repelidos pelo exército nazi, mas esta acção permitiu a entrada de bens essenciais para a defesa e sobrevivência de Leninegrado.
Estas acções do exército vermelho já indiciavam uma alteração no rumo do conflito. A União Soviética já não estava na defensiva, após repetir a tentativa de cerco nazi a Moscovo e derrotar os alemães na Batalha de Estalinegrado, reúnem um exército superior ao milhão de soldados e iniciam a campanha para expulsá-los de Leninegrado.
Após intensos combates na região norte da Rússia, que provocaram a morte a aproximadamente cem mil soldados nazis e trezentos mil soviéticos, as últimas unidades nazis abandonaram Leninegrado a 27 de Janeiro de 1944.
O Cerco a Leninegrado chegava ao fim com um custo em vidas humanas e materiais incalculáveis. Mais de um milhão de civis mortos, as forças germânicas, que iniciaram a campanha para conquistar Leninegrado com 750 mil soldados, perderam mais de 500 mil homens, o Exército Vermelho perdeu aproximadamente o dobro e as cidades do norte russo como Leninegrado completamente destruídas. Durante a sua retirada os alemães saquearam, destruíram, violaram e mataram todo na sua passagem.
References:
KENEZ, Peter; História da União Soviética, Edições 70, 2007.
NOLTE, Ernst; La guerra civil europea, 1917-1945. Nacionalsocialismo y bolchevismo, Fondo de Cultura Económica, 2011