O Califado Abássida foi fundado por descendentes directos de Maomé. A sua ascendência remontava a Abbas ibn Abd al-Muttalib, tio do profeta Maomé, fase a este parentesco consideravam-se os verdadeiros sucessores do profeta, rivalizavam com o poder instalado da dinastia e Califado Omíada.
Os Abássidas, assim como grande parte do Médio Oriente eram governados pelos Omíadas, mas esta dinastia era fortemente criticada pela sua forma de governação. Em meados do século VIII d. C., os Abássidas recolheram diversos apoios no seio da comunidade persa e árabe, tanto muçulmanos xiitas como os árabes que professavam outras religiões como o zoroastrismo, judaísmo e cristianismo, marginalizados e secundarizados no Califado Omíada.
O primeiro momento de revolta abássida foi liderado pela Imã Ibrahim, na província Persa de Coração, esta primeira tentativa de deposição dos omíadas fracassou, com Ibrahim a ser aprisionado em 747. Após a morte de Ibrahim na prisão, o seu irmão Abu al-Abbas as-Saffah, continuou a revolta Abássida derrotando os Omíadas na Batalha do Zab em 750, fundando o Califado Abássida.
Os Abássidas fundaram a cidade de Bagdad no actual Iraque, como a sua capital. Isto marcou uma alteração relativamente ao Califado Omíada, que tinha a sua Capital em Damasco. Os Omíadas centravam o seu poder na população Árabe, enquanto os Abássidas tinham a sua base de influência na Mesopotâmia e Pérsia, estabelecendo a Capital em Bagdad estavam próximos da sua zona de apoio.
Esta postura pró-persa promoveu a miscigenação entre a cultura árabe e persa, mas também causou sérios problemas à governação inicial do Califado Abássida, com a oposição de vários sectores árabes à crescente influência persa.
Para esta contestação muito contribuiu a criação do cargo de Vizir, ajudante do Califa. Este cargo administrativo era característico do sistema político Persa e consistia noutra aproximação entre a cultura árabe e persa, e um distanciamento relativamente à forma de exercer o poder centralista dos Omíadas.
Os Abássida privilegiavam a educação, a ciência, a filosofia, a medicina e variadíssimas áreas de conhecimento que tornaram, o Califado Abássida o zénite do poder, influência e desenvolvimento da civilização Islâmica. Seguiam o ensinamento de Maomé que afirmava, “a tinta de um académico é mais sagrada que o sangue de um mártir”, realçando e dando ênfase ao poder do conhecimento na sociedade.
A abertura deste Califado potenciou as boas relações com estados estrangeiros, como o Império Chinês com quem os Abássidas mantinham boas relações após o auxílio do Califado ao Imperador Chinês, contra uma rebelião.
Em Bagdad foi fundada a Casa da Sabedoria, onde estavam reunidos estudiosos muçulmanos e não muçulmanos. Foi recolhida, preservada e traduzida para árabe e persa, informação e conhecimento das mais variadas culturas, como a grega, romana, persa, indiana, chinesa ou egípcia, sendo promovido um ambiente de multiculturalidade e troca de saber científico. Mais tarde o trabalho promovido pelos abássidas, iria sobreviver ao próprio Califado, com a tradução para latim, turco e hebreu do conhecimento preservado por estes.
O Califa al-Ma’mun criou no século IX um exército composto por escravos turcos, árabes e eslavos para a defesa doméstica e externa do Califado, chamado Mamelucos. Inicialmente esta força foi benéfica para os Califas, mas gradualmente foram ganhando força e influência no seio da dinastia.
No século X o Califa al-Mu’tasim distanciou-se da população ao transferir a capital de Bagdad para Samarra. Este distanciamento com a população da qual o Califado Abássida baseava o seu poder, aliado com o crescente poder que os Mamelucos coagiam aos diferentes Califas a entregar-lhes, provocaram a fragilização lenta e gradual dos Abássidas, o Califa adquiria um papel meramente simbólico e religioso, estando a governação nas mãos dos Mamelucos.
Mesmo num papel figurativo na maioria das ocasiões, os Abássidas sobreviveram às invasões mongóis, e seriam definitivamente erradicados da História com a conquista do Egipto pelo Imperador Otomano Selim I, e com a declaração do Califado pelo Império Otomano, após a captura do último Califa Abássida al-Mutawakkil III em 1516.