As origens do teatro grego estão intimamente relacionadas com os grandes festivais religiosos atenienses, nomeadamente com as Grandes Dionísias, nas quais todo um cortejo desfilava com a estátua do deus Dioniso.
Neste sentido, o teatro grego desenvolveu-se a partir dos corais ou ditirambos1 em louvor ao mesmo deus, Dioniso, enquanto homens vestidos de sátiros dançavam em redor do seu altar.
A partir do século VI a.C. começaram a aparecer a concurso, por ocasião das festas, obras em poesia e em prosa, destinadas a serem representadas. As peças eram, depois, julgadas por dez júris tirados à sorte que tinham de jurar imparcialidade e explicar a razão do seu voto.
As obras eram apresentadas perante toda a Pólis e enquadradas em cerimónias de alto significado cívico e religioso, ou seja, ultrapassavam em larga escala o aspeto artístico, pois não deviam versar temas recreativos, mas antes inspirar-se na história sagrada e nos mitos da Hélade, bem como na vida dos heróis. Deste modo, levavam os espetadores a refletir sobre os problemas da condição humana no contexto da Pólis.
Foi, neste sentido, que nasceu a tragédia. As personagens eram, contudo, bem humanas e, parecendo deliberar sobre as suas ações, lutando contra os deuses, mais não faziam do que seguir o seu próprio destino, ou moira, que os arrastava para um fim já há muito traçado. No desenrolar da ação deste género coexistiam sempre dois planos, o divino e o humano.
Os autores trágicos mais importantes foram Ésquilo, autor de «Oresteia», ou «Agamémnon», Sófocles, autor de «Rei Édipo», ou «Antígona» e Eurípides, autor de «Andrómaca», ou das «Bacantes».
Enquanto a tragédia obteve total aceitação no âmbito das Grandes Dionísias, desde o século VI, a comédia só obteve o seu reconhecimento oficial em 486 a.C.. Versavam temas contemporâneos, como a política, a filosofia, ou a religião, mas ridicularizavam os deuses. Os atores envergavam trajes grotescos.
No entanto, esta “comédia antiga” foi depois superada pela “nova comédia”, a qual abandona a temática social e se torna uma comédia de costumes respeitável e moralista.
Os comediógrafos mais importantes foram Aristófanes, autor de «Assembleia de Mulheres», ou «Rãs e Vespas» (“comédia antiga”) e Menandro, autor de «O Díscolo», ou «A Mulher de Cabelo Cortado» (“nova comédia”).
Ambos os géneros teatrais, a tragédia e a comédia, eram representados em teatros ao ar livre, construídos em encostas, onde estavam as bancadas, aproveitando, assim, as boas condições acústicas dos locais. O edifício teatral original cresceu à volta de um centro sagrado, o templo de Dioniso, cujo núcleo começou por ser a orquestra. Esta tinha um coro com a função de separar as diversas cenas em palco.
Posteriormente, quando o teatro se começou a desenvolver em termos de intriga, criou-se uma espécie de painel vertical, a designada cena, onde os atores representavam. Por sua vez, à frente desta barreira, pintou-se um cenário e criou-se um espaço, o qual não estava à vista do público e que servia para os atores se vestirem e colocarem as máscaras.
Foi Péricles quem tornou o teatro ateniense numa instituição pública e, como o número de festas onde se realizavam os concursos dramáticos foi aumentando, houve a possibilidade de criar um fundo, o theoricon, para possibilitar o acesso das pessoas mais pobres ao teatro, pois, como referido anteriormente, os espetáculos eram atos de culto cívico. Também os prisioneiros eram, aliás, libertados para poderem assistir às representações.
O vencedor, que seria o choregos, recebia um trípode (um vaso em cerâmica, de três pés, feito especialmente para ele), que aludia à representação vencedora. Depois de o receber, o vencedor tinha de colocá-lo num pedestal em exibição num sítio público para que, deste modo, todos o pudessem contemplar.
1 composições poéticas que exprimem entusiasmo ou delírio.