O Concílio de Trento foi uma assembleia convocada pelo papa Paulo III (1468-1549) à qual compareceram vários cardeais, bispos, arcebispos e teólogos com o objetivo de deliberar sobre um assunto específico da Igreja, ou seja, a nova doutrina protestante que Martinho Lutero (1483-1546) tinha iniciado e que provocara a primeira grande divisão do cristianismo ocidental.
Assim, com o intuito de renovar os dogmas da Igreja Católica, iniciou-se, na cidade de Trento, no Tirol italiano, o décimo nono concílio ecuménico, a 13 de dezembro de 1545. Este só terminaria 18 anos depois, em 1563, devido às guerras na Europa. No entanto, a atividade dos trabalhos conciliares ocupou cerca de oito anos sob três pontificados diferentes, a saber: de 1545 a 1547 sob o pontificado de Paulo III; de 1551 a 1552 sob o pontificado de Júlio III (1487-1555) e de 1562 a 1563 sob o pontificado de Pio IV (1499-1565).
As principais decisões do Concílio de Trento em relação ao dogma e ao culto foram as seguintes:
- foram condenadas todas as doutrinas protestantes, na medida em que afirmou-se o livre-arbítrio, a graça divina para a justificação e as boas obras, desautorizando-se a teoria protestante da predestinação;
- confirmaram-se os sete sacramentos, o sacrifício da Missa e a existência do Purgatório;
- reafirmou-se o valor das indulgências, assim como o culto à Virgem Maria e aos santos;
- definiu-se que as fontes da fé são as Sagradas Escrituras, mas também a tradição da Igreja;
- estabeleceu-se como versão bíblica a «Vulgata», que havia sido traduzida do grego para o latim por S. Jerónimo (347 d.C. – 420 d.C.);
- resolveu-se publicar um catecismo que serviria de norma aos párocos para o ensino da religião;
O problema da superioridade conciliar, o qual vinha sendo colocado em causa nos concílios anteriores, também foi discutido em Trento. Ficou resolvido a favor do papado. De facto, a autoridade papel saiu reforçada deste Concílio, definindo-se mesmo a superioridade do papa sobre os concílios.
O Concílio de Trento decidira tratar também as questões disciplinares e, por isso, foram tomadas outras decisões, como por exemplo:
- foram definidos os deveres e as obrigações dos bispos, entre os quais o dever de residência;
- foi proibida a ingerência dos soberanos nos assuntos eclesiásticos;
- regulou-se a formação do clero, criando-se, para tal fim, os seminários nas dioceses para os sacerdotes;
- estabeleceram-se normas sobre a vida exemplar que os sacerdotes e os religiosos no geral devem levar;
- manteve-se o celibato dos padres.
Ainda para evitar a divulgação e a circulação de livros e outros escritos que pudessem ser prejudiciais à fé e à moral católica, o Concílio de Trento estabeleceu, em 1543, a «Congregação do Índex» que decidia a lista dos livros de leitura proibidos pela religião católica. No entanto, o grande instrumento de repressão da heresia foi a reorganização, em 1542, da Inquisição ou do Tribunal do Santo Ofício por parte de Paulo III.
Algumas das decisões que foram tomadas no mais importante Concílio da vida católica ainda se mantêm nos dias de hoje.