Emerson Fittipaldi foi o primeiro piloto brasileiro a vencer um Grande Prêmio de Fórmula Um e o primeiro a conquistar o título da principal categoria do automobilismo mundial, em 1972. Também foi campeão em 1974, e no fim da década de 70 fundou a única escuderia brasileira a disputar o Mundial de Fórmula Um até hoje, a Copersucar-Fittipaldi. Foi pioneiro também no automobilismo dos Estados Unidos, sendo o primeiro brasileiro a vencer a lendária prova das 500 Milhas de Indianápolis e o primeiro piloto não americano a ser campeão da Fórmula Indy.
A paixão pelo automobilismo está no sangue da família Fittipaldi. O radialista Wilson Fittipaldi, pai de Emerson, foi narrador de corridas de automóvel em São Paulo, na década de 40, e ajudou a criar a Confederação Brasileira de Automobilismo. Seu filho mais velho, Wilsinho Fittipaldi, e um dos seus netos, Christian Fittipaldi, filho de Wilsinho, foram pilotos profissionais, com passagem pela Fórmula Um. Mas foi Emerson, o caçula do radialista apaixonado por carros de corrida, que se tornaria o mais bem sucedido Fittipaldi pelas pistas do mundo.
Emerson nasceu em São Paulo, a 12 de dezembro de 1946. Começou a disputar provas de motocicleta aos 14 anos, sempre acompanhado do irmão Wilsinho. Campeão brasileiro de Fórmula V, se mudou para a Inglaterra em 1969, e logo se destacou vencendo provas de Fórmula Ford. Já no primeiro ano na Europa, conquistou o titulo da Fórmula Três inglesa, considerada na época a principal categoria de acesso à Fórmula Um.
Em 1970, começou a temporada correndo pela Fórmula Dois, mas logo recebeu um convite do famoso dono da escuderia Lotus, Colin Chapman, para guiar na Fórmula Um a partir da sétima prova do calendário, o GP da Inglaterra. Emerson estreou na categoria conseguindo um oitavo lugar no circuito de Brands Hatch. Quatro corridas depois, Emerson Fittipaldi conquistou sua primeira vitória na Fórmula Um, no GP dos Estados Unidos, em Watkins Glen, resultado que deu ao seu companheiro de equipe, o austríaco Jochen Rindt o título póstumo de campeão daquela temporada – Rindt havia morrido um mês antes, aos 28 anos, devido a um acidente nos treinos para o GP da Itália.
Depois de uma temporada sem vitória em 1971, quando terminou em sexto na classificação final do campeonato, Emerson Fittipaldi realizou o sonho de ser campeão mundial em 1972. O brasileiro venceu cinco provas (Espanha, Bélgica, Inglaterra, Áustria e Itália) e terminou a temporada com 61 pontos, 16 à frente do vice-campeão, o escocês Jackie Stewart. Aos 25 anos e 273 dias, Emerson Fittipaldi superou o recorde do escocês Jim Clarck e se tornou o mais jovem campeão da Fórmula Um. A marca durou 33 anos, até ser batida pelo espanhol Fernando Alonso, em 2005, e hoje pertence ao alemão Sebastian Vettel.
Após o vice-campeonato em 1973, derrotado pelo grande rival Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi decidiu trocar a Lotus pela McLaren, e alcançou o bicampeonato mundial já na primeira temporada na equipe inglesa, em 1974. Logo na segunda prova do ano, Emerson realizou o sonho de vencer o GP do Brasil, disputado no circuito paulista de Interlagos, onde ele competia quando jovem. O brasileiro venceu apenas outras duas provas em 1974 (Bélgica e Canadá) mas foi premiado pela regularidade, sendo campeão com 55 pontos, três a mais que o suíço Clay Regazzoni, da Ferrari.
Em 1975, novamente ficou em segundo no campeonato, mas um novo sonho já começava a tomar forma. Naquele ano, estreou a escuderia brasileira Copersucar-Fittipaldi, que tinha como um dos pilotos o irmão mais velho de Emerson, Wilsinho Fittipaldi. No ano seguinte, Emerson surpreendeu o mundo ao deixar a favorita McLaren, que levaria o inglês James Hunt, seu substituto, ao título de 1976. O brasileiro queria guiar por sua própria escuderia. Emerson nunca mais ganharia uma corrida na Fórmula Um – foram 14 em 11 anos de carreira -, e o melhor resultado nos cinco anos em que correu pela Fittipaldi até deixar a categoria foi o segundo lugar no GP do Brasil de 1978 – este também foi o melhor resultado da escuderia nos oito anos de existência, entre 1975 e 1982, quando Emerson finalmente desistiu do projeto por falta de recursos financeiros.
Sucesso nos Estados Unidos
Fora definitivamente da Fórmula Um, como piloto e como dono de escuderia, Emerson Fittipaldi não demoraria a retornar ao mundo da velocidade. Em 1984, aceitou um convite para disputar a Fórmula Indy, nos Estados Unidos. O brasileiro venceu algumas provas entre 1985 e 1988, até que em 1989 reencontrou a glória. Primeiro, ao vencer as 500 Milhas de Indianápolis, e no fim da temporada com a conquista do título da Fórmula Indy. Emmo, como era conhecido nos Estados Unidos, voltou a vencer as 500 Milhas em 1993, aos 46 anos, e terminou a temporada em segundo lugar na classificação final da Indy.
Amigo do tricampeão mundial de Fórmula Um Ayrton Senna, Fittipaldi acompanhou o compatriota quando este decidiu testar um carro de Fórmula Indy, em 1992. Dois anos depois, Fittipaldi soube da morte de Senna enquanto treinava para a 500 Milhas de Indianápolis de 1994. O bicampeão mundial de Fórmula Um voou para São Paulo e foi um dos ex-pilotos selecionados para carregar o caixão de Senna.
A carreira de Emerson Fittipaldi na Indy – feita de 22 vitórias, sendo duas em Indianápolis, e um título – terminou de forma dolorosa, com um grave acidente durante o GP de Michigan, em julho de 1996. Aos 49 anos, o brasileiro sofreu fraturas em uma vértebra e no ombro, além de uma lesão pulmonar. Depois disso, participou apenas de provas esporádicas, como uma corrida de veteranos em 2005, na África do Sul, quando chegou em segundo, atrás do inglês Nigel Mansell, e uma prova do Mundial de Endurance, as 6h de São Paulo, em Interlagos, em 2014.
Outro grande susto que marcou a vida de Emerson Fittipaldi foi o acidente que sofreu de ultraleve, acompanhado do filho Luca, então com seis anos, em setembro de 1997, durante um voo próximo à sua fazenda na cidade de Araraquara, interior do estado de São Paulo. Os dois foram resgatados depois de dez horas de espera. O menino teve apenas escoriações leves, mas Emerson teve novamente uma vértebra fraturada, e precisou ser operado outra vez em Miami, no mesmo hospital onde havia sido atendido pouco mais de um ano antes, devido ao acidente em Michigan.
Emerson Fittipaldi foi casado com Maria Helena, com quem tem três filhos – Juliana, Jayson e Tatiana. Com a segunda mulher, Theresa, Emerson tem outros dois filhos – Joana e Luca. E mais dois – Emerson e Vitória – com a terceira esposa, Rossana. Emerson Fittipaldi tem dois netos, Pietro e Enzo Fittipaldi, ambos pilotos de competição.