Contextualização do Le Vélo:
O Le Vélo foi fundado a 1 de Dezembro de 1892, no auge da sua popularidade atingiu uma tiragem de 80 mil exemplares por dia. Embora o ciclismo fosse a base da sua popularidade e linha editorial, agregava nas suas publicações notícias generalistas e comentários políticos, com especial destaque para o grande escândalo politico que abalou a França durante a existência deste matutino – o Caso Dreyfus.
O exponencial crescimento do Le Vélo deveu-se essencialmente à criação de prestigiadas provas de ciclismo como o Paris – Roubaix, actualmente uma das clássicas competições do ciclismo mundial, e do Bordeaux – Paris. Na época o ciclismo detinha o mediatismo actualmente característico do futebol, ao criar e potenciar provas desta modalidade, podia elaborar relatórios diários e aguçar o apetite desportivo dos leitores, aumentando consequentemente as vendas.
O Paris – Roubaix enquanto clássica do ciclismo, pode ser considerado o grande legado deste jornal, considerado por muitos, o primeiro jornal desportivo francês. Em Fevereiro de 1896 dois empresários da região de Roubaix, Theodore Vienne e Maurice Perez, sugeriram ao editor deste matutino, Louis Minart, a criação de uma prova de ciclismo entre a capital francesa e Roubaix, nascia assim uma das mais prestigiadas provas do ciclismo.
O Caso Dreyfus dividiu a sociedade francesa, o Le Vélo não saiu incólume deste escândalo fracturante. Como apoiante de Dreyfus, defendia a inocência deste oficial judeu do exército francês. Os opositores de Dreyfus incitaram a criação de um jornal desportivo rival, o L’Auto-Velo. Após processo judicial contra o novo jornal, interpolado pelo Le Vélo pela similaridade do nome, passou a designar-se L’Auto.
A criação deste novo matutino levou à cisão da actividade do Le Vélo em 1904, fruto da criação do Tour de France pelo L’Auto em 1903, prova que gradualmente tornar-se-ia a prova rainha do ciclismo mundial.