Paleomagnetismo

O Planeta Terra é cercado por um enorme campo de forças magnéticas. A hipotése que melhor explica o magnetismo da Terra, e mais amplamente aceite pela comunidade científica, sugere que o material que constitui o núcleo externo, que se encontra no estado líquido, está em permanente rotação. Tal movimento cria uma corrente elétrica que por sua vez, esta, origina o campo magnético da Terra.

O campo de forças magnéticas que envolve a Terra é designado por magnetosfera. Os pólos magnéticos estão ligeiramente deslocados em relação ao eixo de rotação do planeta, ou seja, em relação aos pólos geográficos, Norte e Sul. Por ação da magnetosfera um corpo metálico livre orienta-se segundo a direção dos pólos magnéticos.

O registo magnético preservado em rochas antigas permite determinar a direção e a intensidade do campo magnético no passado. A esse estudo dá-se o nome de paleomagnetismo. A orientação magnética registada numa rocha permite avaliar a sua localização, em relação aos pólos magnéticos, no momento da sua formação. A posição dos pólos magnéticos no passado pode, assim, ser determinada com base em estudos paleomagnéticos. Sabendo que, em cada local da superfície terrestre, as linhas de força apontam o norte magnético, a direção da magnetização fóssil de uma rocha indica a direção do norte magnético e a distância relativa a que se encontrava dele, no momento da sua génese.

A determinação do paleomagnetismo de rochas de origem vulcânicas do Pérmico, da América do Norte, permitiu localizar o pólo magnético, deste período geológico, na Ásia Oriental. A análise de rochas do mesmo período, mas formadas no continente europeu localizam o norte magnético próximo do Japão. A razão desta diferença da localização do pólo norte magnético, determinado a partir do paleomagnetismo de rochas com a mesma idade geológica, apoia  e sustenta a teoria de Wegener. Esta teoria sugere que, no Pérmico, os continentes estavam reunidos no supercontinente Pangea. Admitindo que a Terra sempre possuiu apenas um campo magnético, as curvas de deriva polar, correspondentes ao paleomagnetismo em diferentes continentes, deveriam coincidir se eles não tivessem se afastado ao longo dos tempos. A diferença da localização dos pólos paleomagnéticos determinada em rochas de diferentes idades , mas do mesmo continente, são um importante pilar da teoria da deriva continental.

Do mesmo modo, medições da intensidade do campo magnético das rochas dos fundos oceânicos revelaram variações bruscas em relação ao valor da intensidade regional previsível. Nuns casos, essa variação era superior ao valor médio regional, aqui a anomalia diz-se positiva, enquanto que noutros era inferior ao valor médio da região, e a anomalia magnética é então negativa. Constatou-se que estas anomalias se dispunham em faixas mais ou menos simétricas e paralelas em relação ao riftes. Investigações apontam que estas anomalias magnéticas são testemunhos da expansão dos fundos oceânicos.

Estudos efetuados em derrames de lavas na superfície continental demonstram que o campo magnético da Terra muda, periodicamente, a sua polaridade. Ou seja, o pólo norte magnético converte-se no pólo sul, e vice-versa. Se uma rocha tem o mesmo magnetismo que o campo magnético atual, diz-se que essa rocha tem polaridade normal. Caso contrário, diz-se que tem polaridade inversa. No primeiro caso, o campo magnético é reforçado, obtendo-se valores elevados, desta forma, em épocas de polaridade normal, a medição da intensidade magnética revela anomalias positivas. No segundo caso, dado que os campos magnéticos são opostos, obtêm-se valores baixos pelo que, em épocas de polaridade inversa, a medição da intensidade magnética revela anomalias negativas. Admitindo que para os derrames de lavas dos riftes estudos interpretaram as faixas com anomalias magnéticas positivas e negativas como porções de crusta oceânica de idades diferentes, formadas em períodos de polaridade magnética terrestre, respetivamente, normal e inversa, sugere-se então que a crusta oceânica forma-se por derrames de lavas no vale do rifte que, ao consolidar, magnetiza-se em consonância com o campo magnético da Terra. Por outro lado, derrames consecutivos de lava afastam, de ambos os lados do rifte, a crusta formada anteriormente. Sempre que ocorra uma inversão da polaridade geomagnética, ela é registada na lava em consolidação, originando um padrão simétrico e paralelo em relação ao rifte.

 

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