Conceito de Datação Radiométrica
A Datação Radiométrica (ou Datação Radioativa) é o método de datação absoluta mais comum, tendo como princípio o facto de os isótopos radioativos, por serem instáveis, começam o seu processo de alteração no momento de formação da rocha.
Aquando da génese de uma rocha, tem início ao processo de alteração dos isótopos radioativos que a constituem, processo este designado por desintegração. Este processo de desintegração é um processo irreversível, em que o átomo ao desintegrar-se, não volta a adquirir as propriedades inicias. Uma rocha, quando se forma, adquire uma certa quantidade de isótopos radioativos. Ao longo do tempo, esses isótopos vão-se desintegrando, a uma velocidade mais ou menos conhecida, dando origem a átomos estáveis. Os isótopos instáveis são denominados átomos-pai, e os átomos que resultam da desintegração destes e tornam-se estáveis dá-se o nome de átomos-filho. Ao tempo necessário para que metade dos átomos-pai se transforme em átomos-filho é designado por tempo de semi-vida.
Por cada período de tempo de semi-vida que decorre, apenas metade dos átomos-pai existentes na rocha se transforma em átomos-filho. Assim, resta sempre uma quantidade, embora residual, de isótopos radioativos e instáveis na rocha. Consoante o elemento químico que se trate, este apresentará um valor característico do tempo de semi-vida, o qual pode variar grandemente consoante o elemento em causa. Por exemplo, o átomo-pai de carbono 14 dará origem a átomos-filhos de azoto 14 e o seu tempo de semi-vida é de cerca de 5,6 mil anos. Já o rubídio 87, como átomo-pai, desintegrar-se-á em estrôncio 87, o que leva cerca de 4,7 milhões de anos. Devido às grandes diferenças nos tempos de semi-vida, se se pretender datar uma rocha que se julgue muito antiga, deve-se escolher átomos com tempo de semi-vida bastante elevados. Caso contrário, se a rocha for recente, os átomos-pais escolhidos devem ter um tempo de semi-vida mais reduzido.
Ao iniciar-se o procedimento de datar uma rocha através deste método deve-se começar pela determinação da quantidade de átomos-pai e de átomos-filhos presentes na constituição dessa rocha. Conhecido esses valores e o tempo de semi-vida do átomo-pai chega-se, de uma forma bastante precisa e fácil, à idade da rocha em questão.
Este método é muito mais preciso quando se trata de rochas magmáticas. O magma, no momento em que inicia o processo de arrefecimento e de solidificação, incorpora uma certa quantidade de isótopos radioativos, sendo a quantidade átomos-filhos quase nula. Tal acontece com a solidificação de magmas quer em profundidade, quer à superfície. Pelo contrário, nas rochas sedimentares e nas rochas metamórficas este método já apresenta um certo erro. As rochas metafórmicas resultam de alterações devido a pressões e temperaturas, sofridas por outras rochas já existentes, o metaformismo não irá eliminar a quantidade de átomos-filhos já presentes na sua constituição. Desta forma irá obter-se um valor bastante superior àquele que foi a data da última metaformização. Nas rochas sedimentares, a maioria resulta de processos de meteorização de rochas já existentes, pelo que se coloca a mesma limitação que acontece nas rochas metamórficas. Para contornar estas limitações deve-se fazer um estudo mais abranjente da área onde se encontra a rocha em estudo. Em locais onde existam afloramentos com mais do que um tipo de rochas, pode-se datar as rochas magmáticas por este método, e estabelecer equivalências com as restantes rochas envolventes, tendo em conta as relações no terreno entre os diferentes grupos de rochas.