A água é o principal agente de meteorização, erosão e transporte da superfície terrestre, podendo apresentar-se sob formas diferentes: águas selvagens, torrentes, rios e mares. O ciclo hidrológico representa um contínuo movimento da água dos oceanos para a atmosfera, da atmosfera para os continentes e destes para os oceanos. A quantidade de água existente na Terra é imensa. Calcula-se que o seu volume é de 1,36 milhares de milhões de quilómetros cúbicos, dos quais 97,2% fazem parte dos oceanos, 2,1% estão sob a forma de gelo e apenas 0,065% se encontra distribuído pelos rios, lagos e atmosfera.
As torrentes periodicamente secas adquirem rapidamente grande volume de água em seguida a fortes chuvadas. Correntes tumultuosas precipitam-se para os vales arrasando pontes, submergindo aldeias e causando elevados danos nas populações. As torrentes são assim cursos de água de montanha, de débito intermitente e leito de forte declive.
Denomina-se bacia de receção à depressão da parte superior da montanha onde se reúnem as águas selvagens ou as águas resultantes do degelo que correm das partes mais altas. A bacia de receção prolonga-se na sua parte inferior por uma grande garganta por onde a água se escapa, o canal de escoamento. Este canal termina numa superfície mais ou menos triangular onde se depositam os detritos arrancados às rochas das montanhas. Esta estrutura é denominada cone de dejeção. A erosão torrencial exerce-se na bacia de receção e no canal de escoamento.
As paredes e o leito do canal de escoamento experimentam um verdadeiro bombardeamento de água e calhaus que a corrente transporta. Sob o efeito desta pressão considerável, a rocha é erodida alargando-se e aprofundando-se o canal de escoamento, onde podem aparecer, devido ao movimento turbilhoso de água, cavidades de maior ou menor tamanho denominadas marmitas de gigante.
Com o tempo e dependendo da natureza do terreno, o canal de escoamento vai-se alargando. Em terrenos xistosos e argilosos a erosão é rápida, nos terrenos calcários o leito da torrente torna-se particularmente estreito e profundo. As torrentes formam-se como cursos de água temporários com grande declive que começam por pequenas depressões antes de possuírem gargantas profundas onde ocorre o principal trabalho erosivo. Com o decorrer dos anos a torrente recua progressivamente para as cabeceiras dos maciços montanhosos, a este fenómeno dá-se o nome de erosão regressiva, acabando por enfraquecer ou porque o vale se tornou suficientemente profundo, ou porque a velocidade da água se torna muito fraca para vencer a resistência das rochas.
Os grandes prejuízos materiais e humanos provocados pelas torrentes chamaram a atenção de vários cientistas, entre os quais Sussel que em 1830 estudou as causas exatas da erosão e depressa se apercebeu de que o Homem era o principal responsável. A desflorestação, as áreas de pastagem mal organizadas, os rebanhos muito numerosos são a causa da destruição da vegetação herbácea e arbustiva que fixam o solo.