A água é o principal agente de meteorização, erosão e transporte da superfície terrestre, podendo apresentar-se sob formas diferentes: águas selvagens, torrentes, rios e mares. O ciclo hidrológico representa um contínuo movimento da água dos oceanos para a atmosfera, da atmosfera para os continentes e destes para os oceanos. Designa-se águas selvagens às águas da chuva ou resultantes da fusão da neve e do gelo, que se deslocam pela superfície terrestre sem uma direção definida. A sua ação destrutiva e de transporte depende de vários fatores tais como o coberto vegetal, o declive dos terrenos e a permeabilidade dos mesmo.
Os terrenos com cobertura vegetal estão mais protegidos e a ação erosiva e de transportes por parte das águas selvagens é menor ou de significado quase nulo. Se os terrenos apresentarem grandes declives, a velocidade da água aumenta e a sua progressão, em vez de ser laminar cobrindo uma superfície relativamente larga, é estreita, apresentando um movimento turbilhonar sendo a sua ação erosiva bastante intensa. A permeabilidade do terreno dependo do tipo de rocha que o constitui.
Nos terrenos predominantemente calcáricos, devido ao anidrido carbónico que transportam, as águas selvagens desgatam os calcários que por esse motivo apresentam aspectos curiosos. Uns lembram povoações em ruínas, os chamados calcários ruiniformes, outros são esculpidos com um modelado característico denominado lapías.
As águas selvagens intervêm na caulinização dos feldspatos e outros silicatos aluminosos. Penetrando através das fissuras das rochas graníticas, caulinizam os feldspatos e outros silicatos provocando a sua arenização e facilitando desse modo a sua disjunção. Os blocos tornam-se arredondados, disjunção esferoidal, rolando uns sobre os outros e amontoando-se constituindo as penhas ou caos, quando se dispersam originam os chamados mares de blocos.
Em terrenos detríticos heterogéneos, constituídos por rochas pouco duras, mas consistentes, com calhaus e blocos como acontece muitas vezes nos terrenos de origem glaciária, as águas da chuva e as águas selvagens originam formações típicas designadas chaminés de fada ou pirâmides de terra. Os calhaus e blocos protegem as rochas subjacentes da ação erosiva das águas, formando-se assim colunas de terreno não erodido, que apresentam as paredes eriçadas de detritos que funcionam como goteiras e as protegem contra uma destruição imediata. A altura das chaminés de fada é tanto maior quanto mais intensa tiver sido a ação erosiva vertical.
As águas selvagens podem também, por ação dos terrenos circundantes, colocar a céu aberto diques e chaminés vulcânicas. As águas selvagens podem ainda provocar a formação de ravinas ou barrancos. Este risco está relacionado com a ocorrência de chuvas intensas e, em geral, de pequena duração. Se não forem contrariadas pela cobertura vegetal, basta a existência de pequenos e médios declives e material rochoso pouco coerente para que o abarracamento ocorra.
Nas vertentes rochosas, com fraturas e fendas mais ou menos preenchidas por solo, exista ou não vegetação, as águas selvagens podem provocar desabamentos.