Conceito de Talidomida
A talidomida foi sintetizada na década de 50 na Suíça por Chemische Industrie Basel (CIBA). A talidomida foi entretanto reconhecida como uma droga apropriada para tratamento de enjoos matinais. No entanto, dez anos da sua utilização em quarenta e seis países resultaram numa tragédia para milhares de crianças que nasceram com defeitos de nascimento e malformações de todos os tipos que afetaram diversos órgãos tais como o coração, rins, olhos, ouvidos e também o desenvolvimento dos membros. Após a associação entre estes defeitos com a talidomida, esta droga foi retirada do mercado em 1961.
A talidomida é um derivado do ácido glutâmico. É constituída por uma mistura racémica. Os dois enantiómeros apresentam propriedades clínicas distintas. O enantiómero S (-) é responsável pela sua teratogenicidade e a isoforma R (+) pelos efeitos sedativos.
Entretanto, novas utilizações foram encontradas para a talidomida. Em pacientes com Eritema Nodoso Leproso (ENL) foram descobertos efeitos imunomodulatórios. Outros estudos demonstraram efeitos benéficos da talidomida em doenças autoimunes e na infeção causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). A talidomida é também capaz de inibir a angiogénese.
Em 1998, a talidomida foi reconhecida pela Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos como agente terapêutico para o tratamento de Eritema Nodoso Leproso. Em 2006, a talidomida foi também aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos em terapia combinada com a dexametasona para o tratamento de mieloma múltiplo.
Uma vez que a purificação da forma R (+) da talidomida é dificultada pela interconversão dos dois enantiómeros em condições fisiológicas. Por esta razão são sintetizados derivados da talidomida a fim de aumentar a sua atividade e reduzir os efeitos laterais. A lenalidomida foi aprovada em 2006 para o tratamento de mieloma múltiplo. A pomalidomida foi aprovada em 2013 para o mesmo efeito, mas é mais eficaz que a talidomida e a lenalidomida.