Radiação Adaptativa

Uma radiação adaptativa ocorre quando uma dada população coloniza diversos habitats e se especializa às condições ecológicas destes. Durante este processo evolutivo, esta população pode formar uma nova subespécie ou variedade da espécie a que a população de origem pertence.

Dependendo da extensão das adaptações ocorridas nos indivíduos pertencentes às populações que colonizaram cada habitat, pode ocorrer ou não isolamento reprodutivo (as populações não se cruzam gerando descendência fértil) entre as populações formadas. Se as adaptações locais implicarem alterações fisiológicas ou comportamentais que originem barreiras reprodutivas pré-zigóticas (barreiras que impedem a ocorrência de cópula, ou a formação do zigoto ou embrião) ou pós-zigóticas (barreiras que impedem o desenvolvimento e crescimento do embrião ou do feto, ou descendência não fértil) entre duas ou mais populações, podemos considerar que estamos perante a formação de uma ou mais espécies novas (especiação).

 

Radiações adaptativas na natureza

Tentilhões de Darwin

Os Tentilhões de Darwin constituem um dos exemplos de radiação adaptativa mais populares. Este exemplo diz respeito a diversos episódios de adaptação de diferentes populações de aves às condições ecológicas específicas de diferentes ilhas do arquipélago das Galápagos. Este arquipélago é composto por treze ilhas e situa-se no oceano Pacífico. Pensa-se que as diferentes populações de tentilhões de Darwin colonizadoras das diversas ilhas descendem duma população inicial que, através de repetidos eventos de especiação, se diversificou originando aquilo que estudos recentes concluem ser 15 espécies diferentes já distribuídas por géneros diferentes. Esta radiação adaptativa nas Galápagos ocorre há cerca de 2 a 3 milhões de anos e originou diferenças entre as espécies como tamanho e forma do bico, diferenças nas vocalizações ou no tipo de dieta. Este é um exemplo de ‘especiação alopátrica’, ou seja, a especiação ocorre porque a presença de uma barreira geográfica impede o fluxo génico.

 

Ciclídeos do lago Malawi

O Lago Malawi localiza-se na parte meridional de África, no Vale do Rift. Este lago é bastante popular pelo facto de conter uma fauna extremamente diversificada. Sabe-se que mais de 500 espécies de peixes da família dos Ciclídeos (família de peixes de água doce) vivem no Lago Malawi. A quantidade de espécies de Ciclídeos encontrada no Lago Malawi é a maior do que a de qualquer outro lago do mundo. A diversidade deste lago é maior do que todas as espécies de água doce encontradas nas águas da Europa e América do Norte juntas. Esta diversificação deu-se, no entanto, durante um período de tempo muito curto, estimado em cerca de 1 milhão de anos.

As diferentes populações de peixes habitam zonas diferentes do lago e utilizam diferentes recursos ecológicos. Apresentam também diferenças importantes a nível da ecologia comportamental. A radiação destas populações de Ciclídeos comporta um elevado nível de diversidade morfológica na cor e padrão das riscas corporais, e também no formato das mandíbulas e do corpo. Estas diferenças nos ornamentos corporais têm repercussões na selecção sexual dos machos pelas fêmeas e é um dos aspectos importantes que contribui para o isolamento reprodutor entre as populações.

Curiosamente, estas populações de peixes especiaram-se por mecanismos de ‘especiação simpátrica’, isto é, a especiação ocorre entre populações que ocupam a mesma área geográfica e que divergem sem a existência de uma barreira geográfica a separá-las. Neste caso, a especiação pode ocorrer porque as populações passam a explorar um novo nicho ecológico e o isolamento reprodutivo vai-se desenvolvendo ao longo do tempo. Este isolamento reprodutivo pode também ter origem na ocorrência de uma mutação genética que impede a reprodução entre indivíduos.

 

Palavras chave

Diversificação ecológica – Especiação – Tentilhões de Darwin

 

Referências bibliográficas

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Loh, Y. H. E., Bezault, E., Muenzel, F. M., Roberts, R. B., Swofford, R., Barluenga, M., & Streelman, J. T. (2013). Origins of shared genetic variation in African cichlids. Molecular biology and evolution30(4), 906-917.

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