Conceito de Conectividade (na Biologia):
Conectividade é a capacidade que duas comunidades têm de se ligarem entre si. Esta ligação permite a circulação de espécies entre os vários habitats. Devido à dificuldade em estabelecer estas ligações, as comunidades recorrem a vários recursos que facilitam o fluxo entre elas.
Esses facilitadores são as stepping stones, os corredores e sempre que possível a proximidade entre si. Estes métodos são também usados pelo ser humano, quando tenta facilitar estas ligações, após ter destruído a conetividade entre comunidades, ao construir por exemplo estradas.
Um dos grandes fatores que afeta a conetividade é a fragmentação dos ecossistemas que leva muitas vezes à perda de habitat e consequentemente de diversidade biológica. A fragmentação pode surgir sob a forma de barreiras como murros ou estradas, pode ainda dever-se à destruição de habitat. A manutenção da biodiversidade é um dos fatores que levou diversos cientistas a investigarem a conetividade entre as várias comunidades, uma vez que esta é de grande importância para a manutenção dos processos ecológicos existentes dentro dos ecossistemas.
A conetividade pode ser estrutural ou funcional. Conetividade estrutural carateriza-se pelo arranjo das paisagens, na forma como os diversos componentes se agrupam e dispersam pela paisagem, enquanto, que a conetividade funcional carateriza-se pelo comportamento demonstrado pelos seres vivos em relação aos vários componentes estruturais da paisagem. As duas diferentes visões podem estar relacionadas ou não, uma vez que uma estrutura pode ser conectada estruturalmente e ao mesmo tempo não o ser funcionalmente.
Por exemplo, existem dois habitats próximos entre si, mas que são ligados entre si apenas por um corredor. Pode-se dizer que estes habitats estão ligados estruturalmente, pois existe um percurso que os liga a ambos. No entanto, pode existir, dentro de um dos habitats, uma espécie que devido ao seu tamanho não pode usar este corredor para ir de um ecossistema ao outro. Neste último caso diz-se que a conetividade não é funcional para aquela espécie, pois esta não pode fazer uso do corredor.
A medição da conetividade é realizada usando índices que medem o nível de conetividade e o grau de isolamento de uma população. A conetividade estrutural é mais fácil de medir do que a funcional, visto que a dispersão das espécies depende de muitos outros fatores além da existência de um meio para atingir o outro habitat. No caso de ambientes aquáticos, a afirmação anterior não é verdadeira, pois para que exista conetividade funcional, é necessária a existência de conetividade estrutural.
O tamanho das parcelas usadas como habitat não está relacionado com a conetividade ou a sua perda, mas a distância entre parcelas e a quantidade de parcelas existente num pequeno espaço estão relacionadas com a conetividade.
O conhecimento da conetividade entre diferentes parcelas de ecossistemas é de vital importância no combate à perda da diversidade, sendo usadas no seu estudo novas técnicas como o mapeamento e a modelação usando tecnologias GIS. A proteção da conetividade tem sido feita através da proteção de locais de movimento ou através da restauração de locais em que o movimento está dificultado.
Fontes:
D’Eon, R. G., S. M. Glenn, I. Parfitt, and M.-J. Fortin. 2002. Landscape connectivity as a function of scale and organism vagility in a real forested landscape. Conservation Ecology 6(2): 10.
Madureira, Helena (2012). Infra-estrutura verde na paisagem urbana contemporânea: o desafio da conectividade e a oportunidade da multifuncionalidade. Revista da Faculdade de Letras – Geografia – Universidade do Porto. III série, vol. I, pp. 33 –4
McRae BH, Hall SA, Beier P, Theobald DM (2012) Where to Restore Ecological Connectivity? Detecting Barriers and Quantifying Restoration Benefits. PLoS ONE 7(12): e52604.
Palavras-chave:
Stepping stones
Corredores ecológicos
Fragmentação