Teoria dos Seis Graus de Separação

Segundo a Teoria dos Seis Graus de Separação, cada ser humano encontra-se a um máximo de seis níveis de distância de qualquer outro ser humano no planeta, ou seja, entre quaisquer duas pessoas escolhidas aleatoriamente, podem estabelecer-se laços que vão do primeiro grau, no caso de existir um conhecimento/relação diretas, até um máximo de seis graus, e neste caso as pessoas em questão estão separadas por seis laços relacionais, isto é, entre cada uma delas interpõem-se cinco outros indivíduos.

Esta hipótese foi colocada pela primeira vez em 1929 pelo escritor húngaro Frigyes Karinthy no conto “Chains”, ainda que de uma forma mais filosófica e literal do que propriamente científica; na sua abordagem, Karinthy refere-se à evolução das sociedades modernas e aos avanços tecnológicos, e defende que apesar de a população aumentar continuamente e das grandes distâncias físicas entre seres humanos, as ligações humanas e as criações de redes de contactos permitem que haja um distanciamento social cada vez menor. No conto, que é uma das primeiras abordagens literárias às redes sociais, ou networking, o autor acaba por concluir que cada indivíduo está separado por outro até um máximo de cinco níveis de ligação.

Nos anos 50, Ithiel de Sola Pool e Manfred Kochen abordaram pela primeira vez esta teoria cientificamente, tentando provar a sua veracidade matematicamente, mas só conseguiram problematizar matematicamente a questão, nunca tendo conseguido dar uma resposta final satisfatória e irrevogável.

Foi apenas em 1967 que a Teoria dos Seis Graus de Separação se estabeleceu como uma teoria científica válida e testada no campo das Ciências Sociais, pela mão de Stanley Milgram. O sociologista abordou o problema de uma forma completamente distinta dos seus antecessores, e escolheu uma amostra aleatória de pessoas, nos Estados Unidos da América, as quais deveriam enviar uma encomenda a um estranho que lhes foi atribuído também aleatoriamente. Cada uma das pessoas sabia o nome, emprego e localização da pessoa a quem tinham de enviar a encomenda, e a sua tarefa era enviar a encomenda a alguém da sua lista de conhecimentos que achassem que teria mais probabilidade de conhecer a pessoa em questão; cada recipiente da encomenda deveria seguir o mesmo procedimento, até a encomenda chegar ao seu destinatário final. No final, Milgram concluiu que a média de pessoas por quem a encomenda passou desde o início até chegar ao destinatário definido foi entre cinco e sete pessoas, e publicou um ensaio sobre o tema na revista Psychology Today. A popularização do termo “Seis Graus de Separação” (ou “Six Degrees of Separation”, no original) deu-se em 1990, com o lançamento da peça de teatro com o mesmo nome, da autoria de John Guare.

Esta teoria, embora já estabelecida, não se encontrava contudo globalmente aceite, devido à amostra utilizada por Milgram no seu estudo inicial ser demasiado pequena. Nos anos que se seguiram à popularização do conceito devido à peça de John Guare, o problema foi novamente abordado e foram realizados mais estudos e testes; em 2001, o professor universitário Duncan Watts recriou a experiência de Milgram, desta vez através da Internet, ou seja, a encomenda da experiência original converteu-se num e-mail, e participaram cerca de 48,000 pessoas oriundas de 157 países diferentes, e novamente a média de separação entre cada indivíduo foi seis, o que reforçou a veracidade da teoria. No ano 2008, a própria Microsoft tentou validar a teoria, utilizando a base de dados do Microsoft Messenger, com milhões de utilizadores registados, e a média obtida foi de 6,6 laços entre cada par de indivíduos. Mais recentemente, em 2016, o Facebook desenvolveu um estudo relacionado com esta mesma problemática, e chegou à conclusão que nas últimas décadas, a média de ligações entre indivíduos diminuiu, pelo menos dentro do grupo de utilizadores desta rede social, sendo a média final de 3,5 graus de separação.

Os avanços tecnológicos, globalização do mercado de trabalho e crescimento das redes sociais e aumento da adesão às mesmas tornam expectável que este valor continue a decrescer, e que a média dos graus de separação entre quaisquer dois indivíduos no mundo seja cada vez menor.

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References:

WATTS, Duncan J., Six Degrees: The Science of a Connected Age, W. W. Norton & Company, 2004

BHAGAT, Smitri; BURKE, Moira; DIUK, Carlos; EDUNOV, Sergey; FILIZ, Ismail Onur, Three and a half degrees of separation, Facebook Research, 2016

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