Turismo Urbano

O conceito de turismo urbano refere-se ao consumo de determinadas dimensões tipicamente associadas ao espaço da cidade, como a arquitetura, os monumentos ou os parques, mas também ao plano especificamente cultural, como os museus, restaurantes e performances.

O conceito de turismo urbano refere-se ao consumo de determinadas dimensões tipicamente associadas ao espaço da cidade, como a arquitetura, os monumentos ou os parques, mas também ao plano especificamente cultural, como os museus, restaurantes e performances. Assim, o turismo urbano resulta da consubstanciação da ideia de turismo, cidade e cultura.

O estudo do turismo urbano requer a consideração atenta e séria das atividades de lazer e do aglomerado populacional, e das características da cidade que muita teoria urbana precedente recusou problematizar. No entanto, o número de avanços nas últimas décadas consagrou ao turismo um canto próprio na investigação urbana. Como a manufatura industrial torna “desertas” densas zonas urbanas, o entretenimento assume um papel cada vez mais notório na economia de inúmeras cidades: o lazer e o consumo para alguns é o lucro de outros. A atração e acomodação dos visitantes tornou-se numa das mais magnas preocupações para o púlpito e para as elites urbanas privadas. Deste modo, a flutuação de visitantes numa cidade resulta uma surpreendente determinação das políticas locais, modelos de investimento e construção do meio citadino.

Não raras vezes, o rótulo de “turista” evoca conotações pejorativas que não só moldam o imaginário coletivo, como também formatam as representações académicas. Por isso, Susan Fainstein e Dennis Judd advogaram o uso do termo “visitante” ao invés de turista, sendo o turismo um modo particular de atividades em que os visitantes tomam parte. Especialmente nos dias de hoje, mesmo os residentes permanentes podem ocasionalmente aproveitar certas características da sua cidade como se fossem turistas consumindo as regalias espetaculares, exóticas e heterogéneas.

 

História

Há muito tempo que as cidades são privilegiadas como destinos a serem visitados ou locais de residência. A antiga cidade era um destino das peregrinações, mercadores, embaixadores ou aventureiros, alguns dos quais produziram relatos sobre os espetáculos exóticos que encontraram. Mas a Revolução Industrial levou a um rápido crescimento da taxa de população permanente nas principais cidades da Europa e EUA durante o século XIX e inícios do século XX. Concomitantemente à época industrial, amplas cidades persistiram como espaços de espetáculo, oferecendo um vasto leque de entretenimentos. Na cidade industrial prototípica de Chicago, por exemplo, as elites da cidade não estavam satisfeitas em exportar meramente carne de porco para o mundo, pelo que procuraram ativamente aprimorar a imagem cultural da cidade e atrair visitantes ao inaugurarem a Exposição Colombiana em 1892.

Ainda assim, o estudo sociológico da cidade, baseado no crescimento maciço das áreas urbanas coincidentemente com a Revolução Industrial, tradicionalmente tratou o turismo como algo periférico. Porém, na última metade do século XX, tal cenário sofreu uma metamorfose. A indústria entrou em declínio acentuado em cidades velhas dos EUA entre outras nações desenvolvidas do mundo, e as tecnologias avançadas de transporte e comunicação tornaram acessível e conveniente a viagem, pelo que a dimensão estética e experiencial do consumo se insinuaram sumptuosamente, conquistando uma posição cobiçada na economia global. Cidades de rápido crescimento como Las Vegas e Orlando, organizam-se economicamente em torno do turismo e consumo. Para velhas e novas cidades, a produção ativa do espetáculo e as oportunidades de consumo são cruciais para a economia política. Neste caso, o turismo não pode ser somente uma preocupação terciária para a teoria urbana.

Por volta de 1980, as teorias populares dos pós-modernistas assumiram as rédeas do exame da cidade, salientando a dimensão do espetáculo e consumo. Concentrando-se nas qualidades significantes da paisagem material, pensadores como Umberto Eco, Jean Baudrillard e Mark Gottdeiner, direcionaram consideravelmente a atenção para destinos turísticos como o strip-tease em Las Vegas e a Disneylândia em Paris. A tendência pós-moderna de se enfatizar o transiente e o efémero na vida social, resulta, como tal, de uma atenção primária para com o espaço e as atividades turísticas. Ainda que estas abordagens tenham sido influentes, o método semiótico empregue deixou insatisfeitos inúmeros sociólogos.

Las Vegas e a Disneylândia permanecem modelos poderosos que informam o estudo da cidade pós-industrial como objeto de consumo. São consideráveis os teoristas que avançaram com a noção de que a cidade em si é crescentemente construída como um parque temático que provoca e deslumbra os consumidores. Abordagens tais, denominadas como “disneyficação”, acusam as tendências homogeneizantes das grandes cidades, uma vez que o espaço turístico das grandes cidades cada vez mais parece igual nos vários cantos do mundo. Estes estudos concentram-se nas injeções de desenvolvimentos em larga escala como estádios de futebol, salões de convenções e centros comerciais em áreas anteriormente em processo de decadência.

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References:

MacCannell, D. (1999) The Tourist: A New Theory of the Leisure Class. University of California Press, Berkeley.

Urry, J. (1990) The Tourist Gaze. Sage, London.

 

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