A noção de tipo ideal foi popularizada na sociologia interpretativa de Max Weber, apesar do conceito já estar em voga nas ciências histórico-sociais alemãs do século XIX. Este termo foi concebido para resolver o problema da comparação: um evento histórico não pode ser descrito sem referência às pessoas envolvidas ou à data e local de ocorrência; mas todos os eventos históricos eram concebidos como únicos. Forçar estes acontecimentos à rigidez de um esquema, faria, em última análise, violência ideológica à integridade do detalhe local. O que um tipo ideal captura é o significado: o que conta como história é sempre o significado das ações interpretadas pelas pessoas interessadas na sua produção.
Para Max Weber um tipo ideal é hipotético, e este não é normativamente ideal, mas ideacional, servindo como modelo mental que pode ser amplamente partilhado e usado desde que os analistas concordem que captura algumas características essenciais de um certo fenómeno. Um tipo ideal pode não corresponder à realidade, mas procura condensar qualidades essenciais da realidade no seu modelo, para que se possam reconhecer as características reais de dado fenómeno quando explorado.
Na análise de Weber sobre os termos e ideias correntes nos sistemas burocráticos do seu tempo, estes mesmos termos e ideias serão usados na constituição de uma base teórica que servirá como um tipo ideal burocrático: são a reconstrução da linguagem ordinária num modelo mais sofisticado.
Schutz criticou a abordagem weberiana do tipo ideal: consistiam estes na construção do analista, ou resultavam do relato do analista sobre as construções desses mesmos termos por parte dos sujeitos investigados? Nesta crítica encontra-se o seguinte dilema: se um tipo ideal é construído a partir da linguagem ordinária, resulta que este mesmo tipo ideal acaba dissociado do seu contexto original de aplicação, e não raras vezes, acaba reificado e destituído da diversidade da experiência que o originou.
References:
Schutz, A. (1967) The Phenomenology of the Social World. Heinemann, London.
Weber, M. (1978) Economy and Society: An Outline of Interpretative Sociology. University of California Press, Berkeley.