O termo terrorismo deriva do verbo latino terrere, “terror, medo, horror; objeto que provoca o terror, causa de medo”. Começou a ser usado principalmente durante a Revolução Francesa, e especialmente depois da queda de Robespierre e do “Reino do Terror”, ou simplesmente “o Terror”, no qual os inimigos da Revolução foram sujeitos ao aprisionamento, à tortura, ou à decapitação: exemplos modernos de terrorismo estatal.
Durante os últimos dois séculos, o terrorismo tem sido uma categoria bem volátil e disputada. Os que são acusados de terrorismo são vilificados como inimigos do estado e da ordem social, mas muitos indivíduos classificados segundo esse termo, insistem que lutam pela liberdade nacional: pensemos no termo mujaheddin (guerreiro santo) ou na palavra fedayeen (“preparado para o martírio”), que evidenciam o beijo da morte. Muitos indicam a violência indiscriminada dos terroristas contra os civis, ao passo que críticos como Chomsky documentaram o uso de estratégias como a violência e o terror por parte do estado contra os inimigos percecionados.
Durante o século XIX, o terrorismo foi frequentemente associado ao anarquismo. Os anarquistas e populistas russos advogaram o terror político e foram responsáveis pelo assassínio do Czar Alexandre II: meio tensional este excelsamente descrito por Dostoevsky no romance Os Possessos. Os movimentos nacionalistas também começaram a usar o terrorismo em movimentos anticoloniais, como a Irish Republican Brotherhood, que sustentou ataques contra a Inglaterra em nome do nacionalismo irlandês; ou grupos como o Internal Macedonian Revolutionary Organization, orquestrado pelo nacionalismo eslavo.
Sociologicamente, os grupos terroristas recrutam frequentemente indivíduos alienados, constantemente motivados por fortes ideologias como o nacionalismo ou a religião para cometerem atos terroristas. Estes ataques, por sua vez, geram o medo social e exacerbam o conflito e o ódio no âmago das sociedades. Durante o século XX, grupos políticos opostos, que iam dos anarquistas e nacionalistas à esquerda, até aos fascistas e grupos e extrema-direita, apossaram-se do terror político para promoverem os manifestos: como tal, engajaram em bombardeamentos, destruição de propriedade, assassinato político entre outras ações destrutivas contra a ordem estabelecida.
O conceito, durante o século XX, foi também associado ao indiscriminado ou excessivo uso da violência estatal, e serviu de acusação contra as ações da Alemanha nazi, da União Soviética, os EUA, Israel, entre outros países. Por exemplo, Chomsky documentou um amplo conjunto de ações terroristas dos EUA no Sudeste Asiático, África, América do Sul, e apontou que os EUA é o único país a ter sido condenado pelo Tribunal Mundial pelo ato terrorista em Nicarágua durante a década de 80.
Desde 1980 até ao presente, os terroristas têm construído espetáculos de terror para promoverem as suas causas, atacarem os adversários, e ganharem a atenção do mundo. O espetáculo terrorista tornou-se crescentemente numa parte significativa do terrorismo contemporâneo e caracteriza os inúmeros grupos que se apoderam sistematicamente do terror como arma de espetáculo. Assim, deve dizer-se que está em voga a extravagância terrorista.
Consequentemente, o terrorismo e terror tem sido características categóricas para a definição das expressões de violência que assombraram grande parte do século XX e inícios do século XXI, e que ainda persistem. Nota-se que existe um esforço de consolidação política por parte dos Governos de todo o mundo, perante a tarefa de se definir com maior precisão o terrorismo, para que a criminalização de tais atos seja minuciosamente codificada. No entanto, consoante as armas de destruição se tornam mais mortais, as divisões sociais entre o que é e o que não é multiplicam-se, e os conflitos implodem por todo o mundo, pelo que o terrorismo continuará a marcar presença no mundo tal como o conhecemos.
References:
Laquer, W. (1998) Origins of Terrorism: Psychologies, Ideologies, Theologies, States of Mind.