Sociologia Existencial

A sociologia existencial emergiu nos finais da década de 70 do século XX, consistindo, na altura, num programa recente focado numa sociologia do quotidiano. Os sociólogos alinhados com esta tendência, extraíram do interacionismo simbólico os poderosos conceitos centrados no Self, e inspiraram-se numa sociologia de cunho fenomenológico para demonstrarem a construção social da realidade: instrumentos centrais no processo de se reavaliar e conceder a devida importância à agência humana.

Considerados estes pontos preliminares, a sociologia existencial define-se descritivamente como o estudo da experiência humana no mundo, na diversidade das suas manifestações. E uma das ideias-chave na experiência do mundo contemporâneo é a mudança: os sociólogos existenciais esperam e assumem que a mudança é uma característica permanente da vida mundana dos indivíduos, refletindo-se no Self, na experiência do mundo social, nas pessoas que habitam o mundo social, e na cultura que confere significado à vida. O quotidiano não se exprime como um fenómeno situacional e problemático somente, e quanto a esta premissa, a sociologia existencial concorda absolutamente: a vida quotidiana é esteticamente dramática, e experienciada como tal. Contrastando com o modelo dramatúrgico da vida social de Erwing Goffman, o drama visto pelos sociólogos existenciais na vida ordinária não tem um guião pré-definido: o agente social é simultaneamente o escritor, realizador e ator num palco escolhido ou não.

Num plano intelectual e generalizado, a sociologia existencial pode ser traçada até ao período da história das ideias que desponta com a revolução coperniciana, que suplantou o legado da crença aristotélica sobre a imutabilidade do universo. Desde este marco histórico, o pensamento moderno progrediu da procura das ideias absolutas e universais para a reconceptualização da realidade como uma dimensão fluída, complexa e incerta. Robert Baumer (1977:20) referiu-se a esta transformação histórica como o movimento do “ser” para o seu “devir”, isto é, para um modo de pensamento que contempla toda as dimensões constituintes da vida, como a natureza, o homem, a sociedade, a história, e o próprio Deus: todas estas entidades não só não são inalteráveis, como estão num constante devir. Daí que a noção de devir seja indispensável tanto da filosofia existencial como na sociologia existencial.

É por isso que a sociologia existencial reflete a renascença do pensamento existencial, o que se traduziu num renovado interesse nas obras de Friedrich Nietzsche, que serviu como um percussor do existencialismo ao ter iluminado o lado lunar e irracional da humanidade. Os eventos históricos também serviram como ocasião para se reconsiderar o pensamento existencial, e, de modo geral, a revitalização da vida intelectual nas recentemente democratizadas sociedades da europa central e de leste.

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References:

Craib, I. (1976) Existentialism and Sociology: A Study of Jean Paul Sartre. Cambridge University Press, New York.

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