Sociologia do Conhecimento

O termo sociologia do conhecimento (Wissenssoziologie) foi usado primeiramente em 1925 e 1925 por Scheler e Manheim.

O termo sociologia do conhecimento (Wissenssoziologie) foi usado primeiramente em 1925 e 1925 por Scheler e Manheim. Desde o seu começo, identificava-se como um campo de investigação intimamente ligado aos problemas da filosofia europeia e do historicismo, particularmente o interesse filosófico característico da Alemanha do século XIX, em torno do relativismo, historicamente enraizado no legado de Karl Marx, Friedrich Nietzsche, e os historicistas, cuja filosofia cultural das visões do mundo (Weltanschauungsphilosophie) se revelou imensamente influente nas ciências sociais alemãs entre 1890 e 1930.

A sociologia do conhecimento examina a origem social das ideias, argumentando que toda a esfera ideacional (“conhecimento”, “ideias”, “ideologias”, “mentalidades”) se desenvolve no contexto dos grupos e instituições sociais. As ideias englobadas nestas dimensões mencionadas pertencem a um leque vasto de questões sobre a extensão e limites das influências sociais, que acabam examinadas à luz das fundações sociais e culturais da cognição e perceção. Apesar das mudanças significativas durante o tempo, os estudos clássicos e contemporâneos no campo da sociologia do conhecimento convergem num tema comum: a fundação social do pensamento. Ideias, conceitos, e sistemas de crenças são intrinsecamente sociais, e por isso, explicados por intermédio do contexto em que surgem.

Desde as suas origens na sociologia alemã por volta de 1920, a sociologia do conhecimento tem assumido que as ideias (conhecimento) emergem e são determinadas pelo contexto social e posições (localização estrutural) dos seus proponentes. A premissa principal é que todo o ideário se encontra funcionalmente relacionado com a realidade sociohistórica. De acordo com os seus autores, a sociologia do conhecimento (Wissenssoziologie) foi desenvolvida como um método empírico e histórico para resolução dos conflitos de ideologias na Alemanha de Weimar, que resultaram das revoluções políticas e sociais de finais do século XIX e inícios de século XX, conflitos estes sustentados nas visões de mundo antagónicas e orientadas por elites intelectuais e políticas. Esboçada em declarações iniciais de Max Scheler e Karl Mannheim, esta nova disciplina refletiu as necessidades intelectuais de uma era, que obedeciam às exigências de racionalidade e objetividade no âmbito dos problemas em torno da confusão intelectual e ideológica. Foi neste sentido que a sociologia do conhecimento acabou por ser descrita como uma disciplina que refletia uma nova compreensão do “conhecimento”, na medida em que se inseria numa configuração moderna e pluralística. Com esta abordagem definiu-se uma nova situação, sumariamente descrita como “modernidade”, um mundo onde o “conhecimento” e a “verdade” apresentam inúmeras faces. O que acreditamos que sabemos varia consoante as operações cognitivas da mente humana, e estas variam de acordo com as comunidades, as classes, as culturas, nações, gerações, etc.

A sociologia do conhecimento contemporânea aborda um conjunto de preocupações diferentes (mas relacionados), pelo que se encontra distanciada dos tópicos postulados pelos fundadores. E adicionalmente, a matéria que trabalha ultrapassa o problema do relativismo e o contexto das ideias e ideologias. Entre as temáticas proeminentes no campo, encontramos as características “locais” do conhecimento e o estudo das suas funções no quotidiano humano. Tamanha reorientação no campo, que do estudo das ideologias antagónicas passa ao estudo dos pressupostos compreensivos tomados como garantidos, caracteriza-se como um desvio da preocupação original com a verdade de ideias e ideologias, para uma preocupação cultural denominada como sociologia do significado. Em última análise, este conjunto de transformações revela uma deslocação do estudo inicial das funções ideológicas de elites e intelectuais, para as conceções do conhecimento como forma de discurso cultural e parte de um enorme campo de sistemas simbólicos e significantes que operam na sociedade.

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References:

Swidler, A. & Arditi, J. (1994) The New Sociology of Knowledge. Annual Review of Sociology 20: 305 29.

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