Socialização
Para o modo como os actores sociais adquirem as faculdades que lhes permitem participar na vida em sociedade, a teoria sociológica criou o conceito socialização. Émile Durkheim foi o primeiro sociólogo a debater-se com esta problemática. Para o sociólogo era fulcral que o “social” (social reificado) controlasse as “paixões” humanas, porque a sociedade só é possível se penetrar a consciência humana. (Durkheim, 1973)
A extensão do conceito distribui-se por uma tipologia tripartida: ao nível organizacional, isto é, a forma como os agentes se tornam em participantes de organizações onde são novatos; ao nível societal, isto é, de que maneira os indivíduos interiorizam e se adaptam aos desideratos da vida social; ao nível pessoal, isto é, quais os moldes culturais e sociais (desenvolvimento mental, emocional e comportamental) que o indivíduo demonstra. (Ritzer, 2007)
O conceito, como demonstrará a genealogia, não é unívoco. No início do século XX, os sociólogos utilizavam o termo para indagarem como é que a ordem social era assegurada, dada a natureza associal do indivíduo. Posteriormente, socialização será uma ferramenta heurística para se explicar que constituintes sociais e culturais o Self interioriza na sua construção identitária. Actualmente, a definição do conceito tenta elucidar como é que o indivíduo se torna completamente humano, numa “pessoa”.
A par deste desenvolvimento, houve também um deslocamento do determinismo que assolava o conceito inicialmente. Com o funcionalismo de Talcott Parsons, a socialização era um meio do indivíduo adoptar preceitos sociais, como se o seu ser fosse uma tábula rasa onde eram impressos padrões culturais. O interacionismo conferiu maior liberdade ao indivíduo, tornando-o num agente que define o seu Self num contexto de relações sociais. No entanto, estes dois modelos não deram a devida atenção ao fenómeno da desigualdade social. É no âmbito desta insuficiência que surge uma terceira perspectiva, mais crítica, que afirma que a socialização é um mecanismo de controlo social.
References:
- Durkheim, Émile (1973), On Morality and Society, Chicago, The University of Chicago Press
- Ritzer, George (2007), The Blackwell Encyclopedia of Sociology, London, Blackwell
