Progresso Tecnológico

A importância do progresso tecnológico para o desenvolvimento económico e social é inegável, mas este é um campo onde os esforços de análise e compreensão ficaram aquém se compararmos com os avanços de outras áreas disciplinares.

Introdução

A importância do progresso tecnológico para o desenvolvimento económico e social é inegável, mas este é um campo onde os esforços de análise e compreensão ficaram aquém se compararmos com os avanços de outras áreas disciplinares. Tal se deve parcialmente à complexidade do processo inerente às transformações técnicas e à enorme dificuldade de formular uma definição e medida precisas do fenómeno.

Exposição

Primeira Parte

Schumpeter, um dos mais distintos economistas a colocar o progresso tecnológico no centro da sua análise, acentuou a importância dos novos produtos, processos, e formas de organização ou produção: factores que foram claramente associados às enormes mutações das estruturas económicas dos países economicamente desenvolvidos desde a Revolução Industrial.

O ascenso das novas indústrias, como as ferroviárias e metalúrgicas no século XIX, ou a indústria automóvel,  a indústria dos materiais sintéticos e a indústria electrónica no século XX, dependeram da capital interacção entre as invenções, inovações e inúmeros empreendimentos, que Freeman (1982) descreveu sofisticadamente como “sistemas tecnológicos”.  Desde o dealbar da recessão de 1973, a ideia de que as economias capitalistas desenvolvidas sujeitam-se a prolongadas marés englobadas por períodos de prosperidade e fases de estagnação, tendo cada maré uma duração de aproximadamente cinquenta ou sessenta anos, foi reavivada: alguns comentadores argumentaram que os novos sistemas tecnológicos são primariamente responsáveis pelo desencadeamento da recuperação, que começa a lentificar  assim que as tecnologias associadas e as respectivas indústrias atingem a maturidade. Outros economistas, ainda que aceitando a noção de tais ciclos, defendem que o progresso tecnológico é antes uma consequência de tais ciclos, ao invés da causa.

No plano macroeconómico, os modelos de crescimento tradicionais e neoclássicos tratam o progresso tecnológico como parte de um factor residual na explicação da subida do output, e isto posteriormente a averiguarem os efeitos das transformações no volume do factor produtivo (capital, trabalho, etc.)

Este resíduo é normalmente amplo, e incorpora implicitamente factores como a educação da mão-de-obra e a competência na gestão que contribui para os melhoramentos no domínio da eficiência, adicionalmente ao progresso tecnológico. Em tais abordagens, a mudança tecnológica é puramente desincorporada, isto é, dissociada de outras variáveis económicas.

A classe dos modelos vintage do capital, cuja aplicabilidade se expandiu a partir da década de 70 do século XX, tratou o progresso tecnológico como parcialmente incorporado nos novos investimentos fixos: as instalações e as máquinas são portadores dos aperfeiçoamentos produtivos, e os ganhos do progresso tecnológico dependem do ritmo de investimento nestes factores.

Segunda Parte

A discussão do modo como as novas técnicas são geradas e adoptadas é tipicamente conduzida num nível de estudo microeconómico. Uma invenção é um produto novo ou aperfeiçoado, ou um novo procedimento na manufactura de produtos existentes, que podem não ser traduzidos numa inovação, isto é, na adopção comercial de uma nova ideia.

Em múltiplos casos, as descobertas científicas cimentam o caminho para as invenções que, se percepcionadas como tendo potenciais demandas no mercado, são comercialmente adoptadas; no século XIX o inventor/inovador era frequentemente um indivíduo independente, mas a partir do século XIX a ênfase trasladou-se para o trabalho científico e tecnológico desenvolvido nas grandes firmas. Se uma inovação for bem sucedida, seguir-se-à um período de difusão do produto: é neste caso que se consolidam os maiores impactos económicos.

A mensuração da actividade inventiva e inovadora é assolada por dificuldades: por exemplo, medir o input inclui os funcionários empregues e os gastos financeiros, embora exista um certo grau de contingência na definição dos limites entre a pesquisa e a actividade de desenvolvimento. Já a medida do output associado à invenção incorpora as estatísticas referentes às patentes, não obstante o facto de terem que ser interpretadas com muita caução, dadas as propensas diferenças  percepcionadas quanto à suposta segurança que a protecção da patente confere.

Conclusão

As previsões do impacto das novas tecnologias pecam notoriamente por falta de credibilidade.  A potencial redução de custos resultante do poder nuclear foi dramaticamente valorizada, enquanto o impacto potencial dos computadores foi primeiramente pensado como extremamente limitado. Contudo, o progresso tecnológico não demonstra conhecer um horizonte final.

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References:

Heertje, A. (1977) Economics and Technical Change, London.

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