Imperialismo Cultural

Por imperialismo cultural entende-se o processo e a prática de promover uma cultura em detrimento de outra, o que ocorreu com regularidade durante o período colonial, nomeadamente a partir da subsunção ou submissão de países militar ou economicamente desprivilegiados, perante as potências estrangeiras: a pedra de toque é a inculcação de crenças culturais entre outras práticas na nação conquistada.

Este fenómeno encontra-se nas beligerâncias que decorreram ao longo da história: começa com a colisão entre o império grego e o romano; o império francês e o britânico; traduz-se na Revolução Americana; evidencia-se obviamente com a subida dos governos comunista na China e na União Soviética; e estende-se até ao presente.

Sabe-se que existem inúmeros modos de se impor um modelo cultural, tal como a criação de novas leis e políticas concernentes a um modelo educacional, religioso, artístico ou linguístico, que deve ser oficializado. A título de exemplo, pense-se nas tribos nativas no norte da América, forçadas a deslocarem-se para as famosas reservas, e vendo as crianças forçadas a frequentarem escolas de matriz cristã, onde foram ensinadas a ler a escrever inglês, sendo o uso da linguagem nativa desencorajado. Tal como os nativos, outras coletividades foram sujeitas a alterações semelhantes: aconteceu na China, Cuba, Alemanha, União Soviética e Afeganistão.

Como resultado, as coletividades acabam por encontrar novas formas de preservarem a sua cultura, e por vezes, essas coletividades são forçadas ao exílio e as suas práticas culturais são proibidas: a linguagem e a música são meios adaptados de modo a se assegurar a sobrevivência cultural, pelo que as histórias podem marcar uma presença implícita nas letras de canções, e os ritmos das músicas tradicionais acabam fundidos com as novas formas musicais dominantes.

O imperialismo cultural difere da difusão cultural na medida em que o mecanismo imperial desempenha um papel fundamental no plano do poder, e cujo processo tem como fim a transformação cultural; ao passo que a difusão cultural ocorre “naturalmente” quando uma coletividade cultural interage com outra coletividade cultural distinta, sendo que deste contacto não resulta a redução ou eliminação propositada das singularidades culturais.

Sabe-se também, que o imperialismo cultural ocorre por intermédio de programas de ajuda humanitária, desenvolvidos para auxiliarem os países do terceiro mundo: desde a forma como os pequenos grupos das nações ocidentais assistem as comunidades e vilas, até ao impacto de organizações internacionais no esforço de implementação de políticas de mudança estrutural. Por exemplo, não é incomum organizações como as Nações Unidas ou o Banco Mundial ditarem as condições de acesso a empréstimos ou subsídios destinados ao apoio de determinados países, seja na construção de estradas ou edificação de escolas e clínicas de saúde: existem complicações no processo, tal como na estruturação de currículos escolares, uma vez que o inglês é imposto como língua prima, sendo tal opção justificada com a crença de que a língua abrirá mais janelas aos estudantes.

Graças à globalização, criaram-se novos veículos para a propagação do imperialismo cultural, que conhecem a resistência mínima ou o reconhecimento de que sim, um processo de homogeneização cultural está em processo. Os partidários da livre expansão da economia de mercado argumentam que as culturas são fluídas e, portanto, o imperialismo cultural acaba por ser um elemento “natural” do crescimento da troca: se as práticas e ideias ocidentais são as que conhecem maior sucesso, tal se deve à crença de que essas práticas culturais são sublimes e sofisticadas em comparação às práticas culturais de outras nações.

Este tipo de pensamento tem sido desafiado à luz de investigações que tentam compreender exatamente o que é trocado ou imposto às nações, que grupos beneficiam com a transição cultural, e que traços culturais acabam perdidos. A pesquisa concentra-se no exame das alterações imagéticas e do conteúdo da arte, música, moda e vestuário, desporto e atividades recreativas, assim como nas alterações consolidadas no domínio do consumo.

 

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References:

Ritzer, G. & Ryan, M. (2002) The Globalization of Nothing. Social Thought and Research 25(1  2): 51.

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