Atribui-se ao italiano Vilfredo Pareto uma famosa frase: “a História é a sepultura das aristocracias.” Pareto introduziu notavelmente o conceito de elites nas ciências sociais, centrando algum do seu trabalho em torno do declínio e queda das elites, especialmente políticas. Tanto para Pareto como para Gaetono Mosca, a palavra-chave baseava-se na circulação das elites. Grande parte desta escrita inicial sobre as elites possui uma marca moral, que pode ser observada na obra de Maquiavel O Príncipe (1513), na qual é apresentada uma análise cínica, mas ao mesmo tempo frutuosa, sobre o comportamento de um governador, e também fornecidas as instruções sobre a forma para este agir. Teóricos como Pareto e Mosca, mas também o alemão Robert Michels (que formulou a famosa regra de ferro da oligarquia, baseada na inevitabilidade da governação por parte de uma minoria na Social-Democracia alemã), sustentaram opiniões no modo e forma como as elites deveriam atuar e justificar as posições adotadas.
Durante o século XX, inúmeros membros de elites locais tornaram-se elementos de elites nacionais. Hoje em dia, testemunha-se o rápido desenvolvimento da economia global, a crescente popularidade de escolas de negócios internacionais, e a intensificação dos meios internacionais de comunicação. Mas, as pesquisas têm demonstrado que existem poucos indicadores sobre a possibilidade de uma elite internacional na esfera dos negócios. Nos quadros executivos de países como França, Alemanha, Grã-Bretanha e Estados Unidos da América, grande parte dos membros têm a mesma nacionalidade do país onde as corporações se localizam. As únicas exceções são os subsidiários estrangeiros. Com o desenvolvimento da União Europeia e as instituições correlatas, talvez exista, ou venha a caminho de se formar, uma elite burocrática internacional, mas tal não é garantido ainda.
Atualmente, a palavra elite é usada em sentido lato, pelo que se aplica tanto à esfera política como ao desporto. Não obstante, nos estudos modernos, as elites são usualmente referidas como incumbidas de posições hierarquicamente elevadas tanto no sector público como privado, como alguns membros parlamentares ou de quadros executivos. O foco é nas características individuais dos incumbidos, quer dizer, a extensão em que estão ligados uns aos outros, ou a probabilidade dos indivíduos dotados de determinadas características serem aptos a obterem certas posições de elite. Porém, o problema da amostragem transfere-se dos indivíduos com grandes qualidades para as instituições, uma vez que a influência destes nas sociedades é por vezes debatida.
A informação sobre elites é fácil de se acumular. Sumários biográficos abundam, tanto sobre setor público como sobre o setor privado, mas estas publicações são enviesadas, uma vez que dependem dos critérios de inclusão dos editores, sendo destituídos da qualidade necessária para a pesquisa social. Contudo, algumas fontes impressas existem e são úteis em situações onde o inquérito e a entrevista são especialmente difíceis e caras. Ao enfatizarem a circulação de elites, Pareto e Mosca tenderam a subestimar a potencial das elites de adaptarem às diferentes circunstâncias impostas. Hodiernamente, questões quanto à abertura ou reserva de algumas instituições, e relacionadas com a probabilidade de um indivíduo particular ocupar uma posição de elite, situam-se no topo da agenda académica de estudos sociológicos sobre elites. Tais investigações podem ser incorporadas no amplo campo da estratificação e mobilidade social. Foi nesta linha de inquérito que o sociólogo francês Pierre Bourdieu enfatizou o processo de reprodução de elites por intermédio do capital escolar e cultural.
Os estudos sobre elites sumarizam-se em duas dicotomias: a primeira prende-se com questões de integração horizontal ou vertical, centrada muito no critério das semelhanças identitárias, de classe, género e étnicas; a segunda dicotomia baseia-se na abordagem individualista ou estrutural, sublinhando o primeiro critério as características individuais, e o último as ligações entre os indivíduos e as estruturas de maior dimensão, como as relações familiares ou associações institucionais.
References:
Bottomore, T. (1993) Elites and Society. Routledge, London