Distinção

Apresentação dos pilares basilares do conceito de distinção.

O consumo – dê-se este no campo cultural, no lazer, nas belas artes, na moda ou em pacotes de férias -, é um ato que expressa o gosto e o capital disponível do agente social, ao mesmo tempo que demarca e reproduz as diferenças entre as classes sociais: nestas fronteiras do mundo social reside a distinção, cujo mecanismo difere de outros importantes mecanismos de reprodução social da classe, como as credenciais escolares, a acumulação de ativos financeiros ou a filiação em clubes ou associações.

Este termo adquiriu maior proeminência com a obra de Pierre Bourdieu A Distinção: Crítica Social do Julgamento (2006), onde o sociólogo estipula as seguintes etapas na constituição desta insígnia: em primeiro lugar, a distinção é reforçada pelo capital económico e cultural de um certo ator social, considerados o capital económico – que permite a expressão do gosto por bens luxuosos e de circulação restrita-, e o capital cultural – que consiste no gosto socializado, por outras palavras, nos hábitos adquiridos e herdados pelo meio social -; em segundo lugar, a distinção tem precedentes materiais, ou seja, uma relação entre condições sociais e gostos, o que se revela diferentemente de classe em classe social, como evidencia a classe trabalhadora, cujas debilidades económicas conduzem ao “gosto pela necessidade” (sic); em terceiro lugar, a distinção consolida-se no plano microfísico do quotidiano, tal como nas preferências estéticas de um ator social particular, e que Pierre Bourdieu apontou detalhadamente.

Entre as inúmeras críticas que a obra atraiu, a fundamental coloca a tónica na abordagem demasiadamente economicista e estruturalista, pois Bourdieu abstrai dos particulares históricos de modo a poder universalizar as discrepâncias encontradas principalmente no contexto francês, para um esquema ecuménico. Daí que a utilidade deste quadro seja a sua comparação com o quadro das distinções de diferentes sociedades e períodos históricos.

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References:

  • Bourdieu, Pierre (2006), A Distinção: Crítica Social do Julgamento, São Paulo, Editora Zouk.
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