I
Um bode expiatório é uma pessoa ou grupo acusados injustamente por ações que não são da sua autoria. O termo deriva da tendência de se orientar a intimidação e a violência contra grupos minoritários. Frequentemente, indivíduos ou grupos inocentes são vitimizados por outros indivíduos ou grupos, sobretudo quando estes se sentem ameaçados. Um bode expiatório é constantemente percecionado como um algo “seguro”, uma vez que não reúnem as condições para organizarem a contrarresposta. Assim, tão usualmente vilificados, criticados, e rejeitados. Num sentido não patológico, um bode expiatório pode ser percecionado como uma consequência dos estereótipos associados à raça, religião, sexo, género e etnicidade. Este ponto de vista é baseado em contrastes percetivos ou no processar cognitivo limitado. Um bode expiatório entende-se também como um resultado do preconceito, que se desenvolve tanto num sentido pessoal, isto é, quando um grupo é tido como uma ameaça para os interesses económicos e sociais de outro grupo, como quando a pertença a um grupo exige o cumprimento da conformidade, quer dizer, o suporte das visões sustentadas pelo grupo na sua manifestação coletiva.
II
A palavra bode expiatório tem a sua origem na prática hebraica de se transferir ritual e simbolicamente os pecados dos indivíduos para os bodes. O bode escolhido era conduzido ao deserto pelos padres hebraicos para estes expiarem os pecados, assim absolvendo os indivíduos ou os grupos dos pecados individuais ou coletivos. O exemplo mais horrífico desta prática manifestou-se durante o holocausto. Previamente à guerra, a Alemanha sofreu transformações económicas e políticas positivas, mas as debilidades económicas durante a República de Weimar depois da derrota da Alemanha na Primeira Guerra, produziu um período de depressão económica, inflação sem precedentes, e desassossego social. Estas condições lançaram Adolf Hitler no palco político, e os seus seguidores culparam os judeus pelos problemas económicos e sociais, agravando os níveis de antissemitismo já alarmantes no país.
Outros investigadores usaram a palavra como termo descritivo para explicarem as tensões raciais durante períodos de ansiedade social e económica. A correlação negativa entre o número de linchamentos de negros no sul da América e as condições económicas no sul são frequentemente citadas na literatura popular sobre relações raciais. Estes estudos resultaram na promulgação da hipótese da agressão por frustração na psicologia social, sendo que nesta hipótese, as tensões associadas com as necessidades bloqueadas, relacionam-se com gestos agressivos.
References:
Victor, G. (2003) Scapegoating: A Rite of Purification. Journal of Psychohistory 30: 271 88.