A recordação encobridora descreve-se por um tipo de recordação, normalmente diurna, que se pauta ao mesmo tempo pela sua especial nitidez e pela sua aparente insignificância de conteúdo. Pode ser considerada como um resto diurno, que é nítido como se tivesse sido vivido mas sem qualquer significado especial, algo ‘estúpido’ e ‘desprovido’. Contudo, a análise de uma recordação encobridora, tal como o próprio nome indica, conduz à descoberta de experiências infantis relevantes e fantasmas inconscientes.
É considerada uma formação de compromisso (ato falhado, lapso, sintoma) entre os elementos recalcados e a defesa. Foi descoberto por Sigmund Freud (1856 – 1939) desde que este enveredou pelos tratamentos psicanalíticos quer na sua auto-analise quer na dos seus primeiros pacientes com histeria.
Segundo o autor, os fatos importantes que não são retidos são conservados como recordações aparentemente insignificantes. São essas recordações que vão encobrir experiências sexuais recalcadas. O mecanismo predominantemente utilizado é o deslocamento.
Em 1989, Sigmund Freud distinguiu diferentes recordações encobridoras: As positivas e as negativas. Esta diferenciação ficou a dever-se consoante o seu conteúdo está ou não numa relação de oposição com o conteúdo recalcado e de significação prospetiva ou regressiva consoante esta se manifesta em relação aos elementos que lhe são anteriores e posteriores. A recordação encobridora pode apresentar como função ser uma impressão e suscitar pensamentos ulteriores, sendo pois uma memória simples que se relaciona com um simbolismo ‘fácil’ de entender.
Palavras-Chave: Recordação Encobridora, sintoma, lapso, ato falhado, deslocamento, formação de compromisso, Sigmund Freud.
Bibliografia:
Laplanche, J. & Pontalis, J.-B. (1990) Vocabulário de Psicanalise. Lisboa: Editorial Presença (obra original publicada em 1967)
Roudinesco, E. & Plon, M. (2000). Dicionário de Psicanalise. Lisboa: Editorial Inquérito. (obra original publicada em 1997)