Otto Rank, Psicanalista, nasceu em 1884, dois anos depois que Melanie Klein (1882 – 1960) em Leopoldstadt, nos subúrbios de Viena, na Áustria. Filho de um pai alcoólico, agressivo e ourives judeu, Otto Rank não teve uma infância feliz e aos 14 anos teve que desistir dos estudos para ir trabalhar como mecânico. Sofreu com fobias e um medo patológico de micróbios e das relações sexuais. Mudou de sobrenome, substituindo o nome que provinha do pai – Rosenfeld – para Rank, para se distanciar-se desse.
Foi autodidata e um dos discípulos favoritos de Sigmund Freud (1839- 1956). Este considerou-o um filho, pela sua historia de vida e por ser muito dedicado à psicanalise.
Estudou sozinho as suas disciplinas favoritas – Filosofia e Literatura -. Entre os seus autores favoritos estavam Nietzsche (1844 – 1900) e Arthur Schopenhauer (1788 – 1860). Conheceu Sigmund Freud através de Alfred Adler (1870 – 1937) que lhe possibilitou o caminho para a Sociedade Psicológica das Quartas-Feiras, o início da Sociedade Psicanalítica de Viena. Foi secretário desta em 1906, aos 22 anos, depois de apresentar o seu primeiro texto sobre incesto. Fazia as atas das reuniões da sociedade sendo o primeiro arquivista em psicanalise. Aos 24 anos publicou o seu primeiro livro “O Mito do Nascimento do Heroi” e aos 28 anos já tinha publicado mais três, sendo os seus temas: a literatura, os mitos e o incesto. Entrou para a faculdade e em 1912 obteve o doutoramento em Filosofia.
Em Outubro de 1918, casou com Tola que se tornaria psicanalista. (Tola Rank, 1896 – 1967). Trabalhou como psicanalista e Sigmund Freud, por gostar do trabalho dele, enviava-lhe pacientes. Da sua vida como psicanalista conhecem-se os conflitos com Karl Abraham (1877- 1925), Ernest Jones (1879- 1958). Foi acusado por estes e por outros tantos do meio como tendo crises de depressão e crises de exaltação, sendo considerado doente mental. A esse motivo, Sigmund Freud, pressionado pelos seus pares, exigiu-lhe que fosse analisado. Os problemas com os colegas mais próximos de Sigmund Freud levou Otto Rank ao afastamento. Este afastamento não só foi físico como também teórico. Este autor começou a interessar-se pela relação materna tirando a prioridade ao patriarcado e ao complexo de édipo. Afastou-se de Sigmund Freud definitivamente em 1926.
Em 1926 propôs a terapia ativa que consistia em tratamentos mais curtos e limitados previamente, recentramento no presente e não orientando o paciente para os estádios infantis, para o inconsciente e para a análise dos sonhos. Também se opôs a Sandor Ferenczi (1873 – 1933) para defender a flexibilidade nas regras da psicanalise. Otto Rank foi excluído da American Psychoanalytical Association em 1930, por intrigas antigas efetuadas em especial por Ernest Jones (1879 – 1958)
Em 1942, publicou uma obra de grande destaque “ O Traumatismo do Nascimento”. Neste seu trabalho defendeu que todo o ser humano que nasce sofre um traumatismo do qual procura recuperar sem no entanto querer voltar ao útero materno. Era definido o protótipo da angústia psíquica. Esta obra foi por muitos adotada.
Mudou-se para Paris e la instalou o seu consultório, teve como paciente Anais Nin (1903- 1976) da qual foi amante. Separou-se da mulher mas contudo também Anais Nin não deixou o seu esposo da altura. Otto Rank voltou a casar-se e tinha o sonho de viver na Califórnia. Não aconteceu, pois algumas semanas depois de Sigmund Freud falecer, Otto Rank, apanha uma septicémia e morre igualmente, aos 47 anos, em 1939.
Das suas obras destacamos: Estudos Psicanalíticos, 1924/1932/1973, Otto Rank e Hanns Sachs, Psicanalise e Ciências Humanas, 1913/1980, Otto Rank e Sandor Ferenczi, Perspetivas da Psicanalise, 1924/1994, A Técnica da Psicanalise, 1926, Os Primeiros Psicanalistas – Minutos da Sociedade Psicanalítica de Viena, 1906-1918, 4 Volumes, 1962-1975
Palavras – Chave: Otto Rank, Sociedade de Quartas-Feiras, Técnica Ativa, Traumatismo do Nascimento
Bibliografia
Roudinesco, E. & Plon, M. (2000). Dicionário de Psicanalise. Lisboa: Editorial Inquérito. (obra original publicada em 1997)