Memória Falsa

Conceito de Memória Falsa: Uma memória falsa, ou também designada como memória induzida, consiste, de acordo com Pinto, num erro ou falso alarme…

Conceito de Memória Falsa

Uma memória falsa, ou também designada como memória induzida, consiste, de acordo com Pinto, num erro ou falso alarme, em que o indivíduo se recorda de um acontecimento, apesar de o mesmo não corresponder à realidade. A pessoa acredita que o que se recorda é real, não tendo consciência de que essa lembrança não equivale à verdade. É importante salientar que, nestes casos, o indivíduo fica bastante surpreendido ao apurar o erro, pois o mesmo não mente propositadamente, sendo que a recordação de eventos falsos é tão grande como a de eventos verdadeiros, no que se refere ao grau de confiança e certeza dos indivíduos.

As memórias induzidas são, então, e como afirmam Roediger e McDermott, informações que se encontram guardadas na memória, e que são recordadas como se tivessem realmente acontecido.

O estudo dos erros de memória teve um grande crescimento, sobretudo a partir das últimas décadas do século XX. Ao longo dos tempos, Stein e Pergher referem que vários investigadores têm mostrado um enorme interesse pelo estudo das falsas memórias, em que os indivíduos se lembram de situações que na realidade nunca sucederam, e da forma como tal processo ocorre. As memórias induzidas ocorrem em várias situações, nomeadamente em estudos de carácter experimental, em psicoterapia, em situações relacionadas com a área jurídica, bem como em outras situações do dia-a-dia.

Existem três modelos teóricos que explicam o fenómeno das memórias induzidas: o Construtivismo, o Modelo do Monitoramento da Fonte e a Teoria do Traço Difuso.

O Construtivismo, considerando Stein e Neufeld, os quais se basearam em Loftus,  refere que os erros de memória devem-se ao facto de os acontecimentos que são realmente vivenciados pelo indivíduo serem influenciados pelas suas experiências prévias e por outras elaborações, como conhecimentos acerca do assunto, que vão para além da experiência, integrando-se ao acontecimento vivido.

Por sua vez, o Modelo do Monitoramento da Fonte, ainda de acordo com Stein e Neufeld,  e com base em Johnson e colaboradores, e Reyna e Lloyd, indica que as falsas memórias são um erro ou confusão de julgamento de atribuição da fonte ou origem da memória. Por outras palavras, de acordo com este modelo, as falsas memórias surgem devido à dificuldade do sujeito em distinguir se a fonte de informação corresponde a experiências anteriores ou do acontecimento vivido.

Por último, a Teoria do Traço Difuso, como afirmam os autores atrás mencionados considerando Brainerd e colegas, defende que a memória não é um sistema unitário pois, segundo esta teoria, a memória possui dois sistemas independentes: a memória literal e a memória de essência. Enquanto a memória de essência armazena apenas o significado do facto sucedido, a memória literal compreende a lembrança dos detalhes específicos do dado acontecimento. De igual modo, a memória literal está mais sujeita aos efeitos de interferência por processamento de informações, o que remete para o facto desta se tornar mais rapidamente inacessível do que a memória de essência, na medida em que esta é mais duradoura e robusta que a primeira.

Para Pinto é possível indicar alguns fatores que poderão dar origem a informação falsa após um evento que, por sua vez, se poderá transformar numa memória induzida, sendo eles: a perceção de autoridade e confiança na fonte de informação; a apresentação de sugestões plausíveis; a repetição do mesmo tipo de sugestão; personalidades dissociativas, pois nestes tipos de personalidades é mais comum que as sugestões falsas desenvolvam memórias induzidas; e, por último, fatores que contribuem para a redução da monitorização da memória, como o tempo de exposição diminuído, intervalos de grande duração, estados emocionais que originam a atenção dividida e a inexperiência do observador. Em síntese, fatores como a autoridade, confiança, repetição e plausibilidade, poderão aumentar a probabilidade de se formarem memórias induzidas, bem como aumentar o grau de certeza nas mesmas.

Devido ao grande interesse na área, podemos observar também que existem vários procedimentos que nos permitem investigar os erros de memória. De acordo com Pinto, podemos mencionar o procedimento de Elizabeth Loftus e colaboradores; o procedimento de implantação de memórias falsas; o procedimento de implantação de ações falsas; e, por fim, o procedimento de Deese-Roediger-McDermot (DRM). De todos estes, o que a literatura mais evidencia é o DRM, uma vez que permite uma fácil criação de memórias induzidas.

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